Fotos: Arquivo Pessoal

Funcionários de empresas de terminais e transportadoras, que se localizam na Marginal Direita da Rodovia Anchieta, estão denunciando descaso das autoridades. Eles passam, diariamente, por uma série de dificuldades de locomoção e acesso aos locais onde trabalham.

Tudo começou, segundo as denúncias, com as mudanças na região, causadas pelas obras do Programa Nova Entrada de Santos.

Os problemas são muitos. Elaine Campos, funcionária da Line Transportes, conta que as dificuldades têm início no transporte, porque só há um ônibus, no sentido Santos-São Paulo, que leva os trabalhadores para a região. Passa a cada 30 minutos.

“O único ponto de ônibus fica na altura da Deicmar, a primeira empresa da Marginal. A transportadora que eu trabalho, por exemplo, é a penúltima, fica próxima à rotatória. Somos obrigados a descer longe do local de trabalho e ir a pé. Temos que desviar de caminhões, motos e carros, porque não tem nenhuma sinalização, ou faixa de pedestres ou semáforo para atravessarmos com segurança. É preciso ter muito cuidado, porque cada terminal tem sua entrada e o fluxo de caminhões é muito alto. A gente passa por muitos terminais”, relata Elaine.

No retorno do trabalho para a casa, as dificuldades são as mesmas. “No sentido São Paulo-Santos, também só há um ponto de ônibus, que é próximo à Gelog. O problema aumenta porque existem no local a calçada para os pedestres, que já é estreita, a ciclovia, praticamente emendada, e, em seguida, já vem a pista, onde ficam estacionados inúmeros caminhões”, conta.

“Se a gente quer fazer sinal para o ônibus tem que passar pela ciclovia, olhar se não está passando nenhuma bicicleta, ir para a pista, achar um espaço entre um caminhão e outro e fazer o sinal. Nessa hora estamos quase no meio da pista, o que é muito perigoso”, acrescenta Elaine. Outra questão de risco é a falta de iluminação no local.

Ela afirma, ainda, que já foram feitas diversas queixas. “A gente costuma reclamar na CET e também na empresa de ônibus. Na CET, eles anotam nossa reclamação, pedem nome e telefone, mas não dão retorno nenhum. Nunca deram. Com relação à empresa Metropolitana, não adianta também, pois eles colocam um ônibus só, de meia em meia hora”, completa.

A calçada, a ciclovia e os caminhões

Jardim São Manoel

Não são apenas os trabalhadores da região que se sentem prejudicados pelas mudanças provocadas pelas obras na entrada de Santos. Moradores do bairro Jardim São Manoel chegaram, inclusive, a organizar um protesto, na note desta quarta-feira (30).

Eles reclamam da alteração no sentido das vias, que ocorreu depois da inauguração do Viaduto Piratininga, na entrada da cidade. A obra provocou mudanças nos itinerários dos ônibus que atendem à região.

Em consequência, muitos moradores de Cubatão, que faziam compras no São Manoel, devem deixar de frequentar o bairro santista, causando prejuízos ao comércio local.

Outra reclamação é que a chegada ao São Manoel está mais complicada, em consequência do excesso de caminhões que fazem filas às margens da Anchieta, na pista que dá acesso ao bairro.

Protesto no Jardim São Manoel – Foto: Reprodução

Prefeitura

O Folha Santista solicitou um posicionamento da prefeitura diante das reclamações dos trabalhadores. A administração municipal, via Companhia de Engenharia de Tráfego (CET), respondeu por meio de nota.

“A CET-Santos informa que os pontos de ônibus citados são de linhas intermunicipais (932 e 933, que fazem ligação entre a área continental de São Vicente e Santos), autorizadas pela Empresa Metropolitana de Transportes Urbanos (EMTU).

Já as vias em questão (Marginal Direita e a Rodovia Anchieta) estão sob jurisdição da Artesp (Agência de Transporte do Estado de São Paulo). 

Ainda assim, a prefeitura está atuando para intermediar a questão de forma a defender os interesses dos moradores e trabalhadores do São Manoel e bairros vizinhos.

Ainda na tarde desta quinta (1), a equipe de transportes da CET-Santos esteve reunida com técnicos da EMTU, que deverá estudar a possibilidade de colocar pelo menos uma das linhas seguindo pela pista local da Anchieta, ao invés da pista expressa.

A Administração Municipal ressalta, ainda, que as alterações na Marginal Anchieta, que têm sido alvo de críticas de moradores do São Manoel, são de responsabilidade da Dersa e Ecovias.

Desde 2016, foram realizadas audiências públicas com os moradores do bairro São Manoel para apresentar o projeto de alteração no trecho de rodovia, que é de conhecimento da população local. 

Quando a obra foi iniciada, em 2019, os moradores fizeram reuniões com a Administração Municipal, deputados, vereadores e a Ecovias para expor sobre a questão da mão única de direção da Marginal Anchieta.

Em junho de 2019, moradores e políticos da região foram buscar soluções junto à Artesp para que o São Manoel (Santos) tivesse ligação direta com o bairro Casqueiro (Cubatão).

Não houve retorno do governo do estado sobre o assunto e nem da Ecovias, que definiu pela continuidade da forma como foi elaborado pela Dersa e está no termo aditivo da concessão atual.

A prefeitura informa, ainda, que nesta sexta-feira (2), dependendo das condições favoráveis do tempo, o município concluirá, na malha urbana, o acesso direto para a via expressa da Anchieta na rotatória da ponte no São Manoel. 

Esse acesso distribuirá o fluxo de veículos de forma mais apropriada, não dependendo da via local da Ecovias, defronte das empresas do Chico de Paula, que se encontra impactado por caminhões direcionados para os pátios de retroporto”.

Ecovias

Também em nota, a Ecovias, em dissonância com as denúncias, diz que as obras da entrada de Santos “proporcionaram a reorganização e a melhoria do fluxo de veículos na região, trazendo benefícios para cerca de 60 mil motoristas que passam diariamente pelo trecho entre o km 59 e km 65 da via Anchieta. Gargalos foram eliminados e o tráfego ficou mais rápido, seguro e confortável.

Em relação à sinalização, a Ecovias está realizando novas vistorias no local para analisar possíveis reforços que possam ser feitos para tornar o dia a dia dos usuários mais fácil. Entendemos, no entanto, que após grandes obras, há sempre um período de adaptação às mudanças”.

Assista aos vídeos: