Marcelo Coelho - Foto: Divulgação

Empresário do ramo esportivo, Marcelo Gomes Coelho, de 50 anos, é o representante do Partido Renovador Trabalhista Brasileiro (PRTB) na disputa pela prefeitura de Santos.

Com o número 28, o partido de Marcelo não formou coligação com nenhuma outra sigla.

“Por conta do meu trabalho como técnico da seleção brasileira de mountain bike, passei várias temporadas fora do país e essa vivência me trouxe referência do que é bom”, pensa o candidato.

A professora de Ensino Médio e policial militar Lidia Freitas do Nascimento (PRTB), de 54 anos, é a candidata a vice.

Folha Santista: Por que o senhor é candidato a prefeito de Santos?
Marcelo Coelho:
Acredito que Santos tem tudo para ser uma grande cidade. Infelizmente, a falta de referência dos nossos administradores fez com que a cidade estagnasse como todo o resto do país. Existe uma política de extração em Santos e não de vanguarda. Temos condição de ser um polo de turismo até porque produzimos muitos talentos no esporte e na cultura e não vejo a administração trabalhando em prol disso, vejo simplesmente a administração apagando incêndios e os recursos são usados indevidamente. Por conta do meu trabalho como técnico da seleção brasileira de mountain bike, passei várias temporadas fora do país e essa vivência me trouxe referência do que é bom. Então, pensei que poderia trazer toda experiência que vivi lá fora para a minha cidade onde nasci, vivo e trabalho.

Folha Santista: Quais são os principais eixos do seu plano de governo?
Marcelo:
Transparência, responsabilidade e honestidade no uso do recurso público. Captação de recursos destinados à cidade que são perdidos, recursos estes que são oferecidos pelo governo federal, pelo governo estadual e até por bancos internacionais e são negligenciados nos projetos com atraso de entrega de documentação. São erros básicos que você consegue notar que não existe uma equipe profissional para esse tipo de ação dentro da prefeitura. Santos é uma cidade importante, 14ª economia do país, não pode viver nessa situação de “operação de bombeiro”, ou seja, apagando incêndios. Precisamos planejar para criar realmente uma Santos diferente. Hoje, um dos pontos principais é a segurança, o santista quer se sentir seguro na cidade. Não podemos sair mais nas ruas com medo de perder o celular, o seu bem. E, com isso, temos uma grande prioridade: criar um centro de policiamento integrado com equipamentos, tecnologia e, o mais importante, investir na capacitação da Guarda Municipal para que possa trabalhar em parceria com a Polícia Civil, Militar e a sociedade. A cidade precisa de uma grande rede de monitoramento eficiente. Não adianta instalar câmeras e não haver profissionais treinados à frente dos monitores.

Folha Santista: A cidade vem perdendo empregos no Porto de Santos, o que o senhor pretende fazer para que isso se reverta?
Marcelo:
A cidade vem perdendo tudo no Porto de Santos, até porque os conselhos portuários são consultivos e a sociedade não participa da decisão da Santos Port Authority (SPA) e precisamos proteger o emprego do trabalhador portuário. Com isso, vamos trabalhar diretamente com o governo federal. Hoje, sou o único representante de um partido que está dentro do governo, até porque o presidente não tem partido, mas o vice-presidente Hamilton Mourão é o nosso guia dentro do PRTB e esse relacionamento vai facilitar o diálogo com a cidade. Nós vamos proteger o emprego do portuário que, hoje, por causa de uma PL, está acabando com a exclusividade dos trabalhadores santistas. Há pessoas vindas de outros estados trabalhar em Santos pela metade do preço, ou seja, uma guerra dos empresários com a classe e precisamos proteger. Essa situação dos conselhos portuários não serem deliberativos, eles perdem toda a autonomia de poder monitorar e controlar tudo que a administração portuária faz. Se nós não tivermos um bom canal com o governo federal e os tornar novamente deliberativos, Santos nunca terá ligação com a administração portuária, ou seja, tudo que eles quiserem fazer eles irão fazer, sem pedir a nossa opinião.

Folha Santista: Qual sua posição acerca da instalação da usina de incineração de lixo em Santos?
Marcelo:
Isso já era um assunto de 20 anos atrás e hoje talvez seja a única opção, mas entendo que tudo pode ser temporário. Podemos começar a trabalhar na cabeça das pessoas a destinação correta de cada dejeto, seja sólido ou orgânico, e dar um destino adequado para o lixo. O lixo só é lixo no Brasil porque nos países europeus do Norte, lixo não é mais lixo. Talvez, daqui alguns anos possamos desmontar essa usina que realmente não é ideal para o meio ambiente, mas ela se faz necessária hoje.

Folha Santista: O senhor tem alguma proposta para a revitalização do Centro? O que o pretende fazer nesta região da cidade?
Marcelo:
O Centro santista tem uma vocação para o turismo, porém ele está abandonado. Todo o patrimônio tombado precisa ter um apoio, porque nem sempre o proprietário tem condição de manter aquele imóvel original como se pede. Precisamos rever a lei do tombamento, não em relação à arquitetura, mas aos custeios, com recursos vindos do governo federal. Transformar o Centro de Santos em um grande parque temático. A cidade tem potencial para isso. Precisamos também melhorar a segurança para que o santista volte a frequentar o Centro. Outra coisa que precisamos fazer junto com o governo federal, que deu a concessão do uso dos seis armazéns para a prefeitura, é buscar o recurso também com a iniciativa privada para a marina. Se realmente for feito algo voltado para o turismo, isso vai melhorar a qualidade do comércio do Centro da cidade. Para que isso aconteça, precisamos trabalhar em parceria e ter um bom relacionamento com o governo federal.

Folha Santista: Quais propostas têm para a área de cultura e turismo da cidade?
Marcelo:
Na cultura, vamos dar condição, capacitar os interessados em produzir cultura na cidade com as leis de incentivo. Ensinar como fazer os projetos, captar e intervir na captação com empresas da cidade, além de ajudar o projeto e prestar contas. Produzir cultura não é apenas trazer shows e espetáculos de fora e, sim, fomentar a cultura dentro do município. Com isso, geramos oportunidade para os artistas da cidade e emprego para os santistas. Infelizmente, em relação ao turismo, a cidade não produz nada. Por qual motivo? Hoje, não consigo ver Santos fora de Santos. Por causa do meu trabalho, frequento muitas feiras de esporte e turismo, onde as cidades se apresentam e se vendem nesses eventos. Santos nunca mais fez isso. Talvez há 20 anos fizesse, mas hoje não faz mais. Então, não fazemos turismo para o turista e, sim, para agradar ao prefeito. Então, precisamos criar dispositivos de turismo, ver a possibilidade de um local que tenha a claridade do fundo do mar, de fundear dois ou três navios e criar um “turismo de mergulho”. Outra questão, precisamos valorizar o Museu Pelé cuidando do entorno, tirar os dependentes químicos e transformar aquela área em um espaço seguro para que as pessoas possam transitar, além de divulgar a cidade para fora.

Folha Santista: O que pretende fazer para melhorar o atendimento na área de saúde, especialmente nas especialidades?
Marcelo:
Precisamos fazer uma limpa e entender o que são essas OS’s, o que é necessário e o que é desnecessário e exterminar o cabide de emprego. Acredito que nessas OS’s existam muitos profissionais capacitados, mas também há muita gente ganhando sem trabalhar. Nesses lugares que vamos tirar, daremos possibilidade de colocar pessoas também servidores para trabalhar, que, às vezes, estão encostadas por falta de motivação, porque perdeu um cargo mesmo tendo capacidade, mas foi colocada de lado para o “amigo do amigo”. A saúde precisa ser reformulada e cuidar dos contratos, fiscalizar e punir as empresas que estão ganhando e não estão fazendo. Temos um trabalho junto com deputado Biga Peixoto que vai atualizar a tabela do SUS. Acredito que, com essa atualização, tenhamos uma melhora no atendimento, mas é necessário diminuir o gasto excessivo, hospitais sem médicos, sem medicamentos, isso é a falta de transparência e responsabilidade e honestidade do uso do recurso tanto da saúde quanto de qualquer pasta.

Folha Santista: Como avalia as duas gestões de Paulo Alexandre Barbosa?
Marcelo:
As duas gestões foram dividias em duas partes. A primeira, que foi de sete anos de abandono e, a segunda parte, que foi o ano de grandes obras que a gente não sabe nem como serão pagas. Avalio os oito anos de gestão do atual prefeito como uma gestão ineficiente. Por que ineficiente? Porque tudo que cria, não tem resultado eficiente, positivo, não tem resultado de acordo com o planejamento e com o que foi prometido. Não tem um resultado de excelência e, quando tem um resultado da sua excelência, não tem a mínima referência com o mundo desenvolvido.