A criança e a mãe estão em estado de choque, segundo a advogada Natália Lopes - Foto: Arquivo pessoal

Natália Bezan Xavier Lopes, advogada da família da menina de 5 anos, que foi atacada por um pitbull, quando passeava na praia do Itararé, em São Vicente, no sábado (27), voltou a rebater a versão do ex-deputado estadual e ex-vereador Luciano Batista, quem conduzia o cachorro no dia do ataque.

O atual pré-candidato a prefeito disse que havia enviado mensagem para os pais da criança, por meio de amigos, se colocando à disposição para ajudar no que for necessário.

“Em nenhum momento o senhor Luciano entrou em contato com a família. Naquele dia não compareceu ao hospital para visitar a menor. Ninguém que tenha se identificado como familiar dele procurou a família ou a menor no hospital ou no Crei. Não teve esse contato”, afirma a advogada, em entrevista ao Folha Santista.

“Hoje (segunda, 29), pela primeira vez, às 16h26, eu recebi uma mensagem dele no meu celular. Era uma ligação, mas eu não atendi porque estava dando entrevista. Depois vou retornar para ele. Mas o contato foi feito hoje, pela primeira vez, às 16h26. Até então, ele não tinha entrado em contato com ninguém da família, nem mandado recado, nem através de terceiros, nem através de representante legal”, acrescenta.

Natália diz que a menina sofreu uma mordida na mão esquerda e escoriações. “Depois ela teve laceração da nuca, onde levou cerca de 15 pontos, e na mandíbula, na região da bochecha, do lado esquerdo, onde ela levou cerca de 40 pontos”. A criança e a mãe estão em estado de choque, segundo a advogada.

Folha Santista: Quais os danos físicos causados na menina e como está o estado de saúde dela?
Natália Bezan Xavier Lopes:
Os danos físicos causados na menina foram uma mordida na mão esquerda e escoriações. Depois ela teve laceração da nuca, onde levou cerca de 15 pontos, e na mandíbula, na região da bochecha, do lado esquerdo, onde ela levou cerca de 40 pontos. Apesar disso, o estado de saúde físico dela é bom, ela se recupera bem. Ainda não sabemos as consequências, pois ela está com um pouco de problema na deglutição e na mastigação, mas a gente precisa ver como vai evoluir o quadro clínico dela para saber se vão ter ou não sequelas. De toda forma, as sequelas de caráter estético são inegáveis, já que ela está com uma cicatriz bem grande no rosto, além das sequelas psicológicas. A menina ficou em estado de choque e a mãe da menina também, ela sofreu um desgaste físico muito grande, por conta de ter entrado em luta corporal com o animal.

Folha Santista: A nota pública, divulgada nesta segunda (29) pela família e assinada pela sra., diz que os fatos não ocorreram exatamente como o ex-deputado Luciano Batista relatou. O que de fato ocorreu no dia do ataque?
Natália:
Os fatos não foram exatamente como levantados pelo ex-deputado. Ele estava caminhando, com um cachorro de porte grande, aparentemente da raça pitbull, sem enforcador e sem focinheira, nos termos que determinam as legislações estadual e municipal. Estava em uma região que é um parque para crianças, onde há uma pista para as crianças andarem de skate ou bicicleta. Então, uma região onde há aglomeração de crianças. Ele estava falando ao celular, segurando o cachorro pela guia apenas com uma mão e o cachorro, subitamente, atacou a menina. Como o senhor Luciano estava um pouco distraído, não conseguiu prever e reter o cachorro, que acabou mordendo a menina por três vezes e, no final, abocanhou o rosto da criança. Aí, o senhor Luciano caiu no chão, sentou, para tentar puxar o cachorro, enquanto a mãe entrou em luta corporal com o animal e conseguiu, depois de muito tempo, abrir a mandíbula do cachorro e soltar a criança. Era um local ao lado de uma unidade do Samu, que imediatamente pegou a criança e a mãe e levou para o antigo Crei, o Hospital Municipal de São Vicente. A criança recebeu os primeiros socorros, fez uma tomografia e depois foi encaminhada para o Hospital Ana Costa, em Santos, porque ela tem convênio médico. Lá, ela fez os procedimentos cirúrgicos.

Folha Santista: Uma testemunha disse que o ex-deputado Luciano Batista estava armado e tentou fugir do local. Ele nega veementemente as duas hipóteses. A família da menina e a senhora têm essas informações?
Natália:
Quanto ao fato dele tentar fugir e estar armado, esse tipo de informação a gente não possui, porque a minha cliente saiu do local dos fatos logo após conseguir soltar a filha dela da boca do cachorro e foi direcionada para o hospital. Então, o que aconteceu depois disso ela não sabe informar. O que a gente garante é que, depois do que aconteceu, em nenhum momento o senhor Luciano entrou em contato com a família. Naquele dia não compareceu ao hospital para visitar a menor. Ninguém que tenha se identificado como familiar dele procurou a família ou a menor no hospital ou no Crei. Não teve esse contato.

Foto: Reprodução

Folha Santista: O ex-deputado Luciano Batista disse que mandou mensagem para os pais, por meio de amigos, se colocando à disposição para ajudar no que for necessário. A família recebeu essa mensagem?
Natália:
Ele não mandou mensagem para os pais, para amigos não sei dizer. Mas não chegou à família qualquer mensagem ou recado que o senhor Luciano tenha passado, que estaria tentando entrar em contato com a família ou gostaria de saber sobre o estado físico da menina ou o estado mental, porque a criança está muito abalada, ficou em estado de choque, a mãe também. Então, em nenhum momento houve esse contato, do senhor Luciano ou de qualquer representante dele, com a família naquele primeiro momento. Hoje (segunda, 29), pela primeira vez, às 16h26, eu recebi uma mensagem dele no meu celular. Era uma ligação, mas eu não atendi porque estava dando entrevista. Depois vou retornar para ele. Mas o contato foi feito hoje, pela primeira vez, às 16h26. Até então, ele não tinha entrado em contato com ninguém da família, nem mandado recado, nem através de terceiros, nem através de representante legal.

Folha Santista: O que a família pretende fazer do ponto de vista jurídico?
Natália:
Do ponto de vista jurídico, em um primeiro momento, a família me procurou para acompanhar o caso, porque existem burocracias perante à delegacia e nós não conversamos ainda sobre processos indenizatórios ou de outra natureza. O intuito, agora, nesse primeiro momento, não é esse. É preservar a saúde da criança e da mãe, que estão muito abaladas e não estão em condições de conversar sobre esse tipo de assunto. Então, o nosso escritório está trabalhando em cima de dar um respaldo para a família nesse momento de crise, porque é uma situação que envolve uma pessoa pública. Então, a mídia vem querer conversar, saber, para divulgar informações. A família tem que adotar procedimentos na delegacia e é esse o respaldo que a gente está dando nesse primeiro momento. Os procedimentos que serão adotados posteriormente e eventuais ações vão ser ainda discutidos com a família.