Erickson David da Silva, suspeito de matar o PM, Derrite e Tarcísio - Reprodução/Twitter

Acusado de ser o autor do disparo que matou o PM Patrick Bastos Reis, membro das Rondas Ostensivas Tobias Aguiar (Rota), no Guarujá, Erickson David da Silva, o Deivinho, gravou um vídeo dizendo que se entregaria, pedindo ao governador de São Paulo, Tarcísio Gomes de Freitas (Republicanos), e ao secretário de Segurança do estado, Guilherme Derrite, que interrompessem a “matança” nas comunidades da Vila Júlia e Vila Zilda.

“Quero falar para o Tarcísio e para o Derrite parar de fazer a matança ai. Matando uma ‘pá’ de gente inocente”, disse ele no vídeo. “[Estão] querendo pegar a minha família, sendo que eu não tenho nada a ver. Estão me acusando. É o seguinte, vou me entregar. Não tenho nada a ver”, emendou Deivinho, que se entregou à polícia na noite deste domingo (30).

Classificado pela polícia como “sniper do tráfico”, Deivinho teria sido o autor do tiro calibre 9 milímetros disparado a uma distância de cerca de 50 metros que atingiu o peito do PM, que fazia patrulhamento nas proximidades da Vila Zilda. Um outro PM foi atingido na PM e foi encaminhado ao Hospital Santo Amaro e liberado em seguida.

Após o ataque, que aconteceu na quinta-feira (27), o governo de São Paulo mobilizou mais de 600 policiais em uma operação que promoveu um verdadeira massacre nas duas comunidades, deixando ao menos dez mortos.

“Iniciamos na noite de ontem [quinta-feira] a Operação Escudo, para capturar os criminosos que atiraram contra dois policiais de Rota no Guarujá. Infelizmente, um deles morreu. Não vamos descansar enquanto não acharmos os responsáveis por esse crime”, declarou Derrite nas redes sociais.

Deivinho se entregou neste domingo, após a prisão de uma mulher de 27 anos e quatro homens, que seriam ligados ao tráfico.

Nas redes, Tarcísio comemorou a prisão de Deivinho e afirmou que “nenhum ataque aos nossos policiais ficará impune”, dando a tônica à política de segurança pública, que foi importada do Rio de Janeiro pelo ex-ministro de Bolsonaro.

Terror nas comunidades 

No entanto, moradores das duas comunidades onde ocorre a Operação Escudo afirmaram que estão sitiados e que PMs estão espalhando terror.

Ao Brasil de Fato, um morador das comunidades do Guarujá relatou que um garoto foi torturado e morto.

“Eles [policiais da Rota] andam de capuz pelas vielas, estão matando primeiro para perguntar depois. Igual fizeram com um moleque que estava indo no mercado. O moleque gritava ‘pelo amor de Deus’, e bateram no menino, todo mundo ouviu aqui. Mataram o menino e levaram o celular dele. Menino inocente, isso não pode”, revelou o morador.

Oficialmente, o número de mortes até este momento é de dez pessoas. O ouvidor Claudio Aparecido da Silva, em entrevista ao G1, disse que o número pode aumentar e que, segundo relatos colhidos com os moradores das duas comunidades, PMs têm ameaçado matar, pelo menos, 60 pessoas.