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O presidente do Sindicato dos Servidores Municipais de Praia Grande, Adriano Roberto Lopes da Silva, cobra que a prefeitura se pronuncie a respeito do caso do falso médico, que atuou por cerca de um ano no Hospital Irmã Dulce, inclusive, na linha de frente do combate ao coronavírus.

O falso médico usava o nome e o registro do Conselho Regional de Medicina do oftalmologista colombiano Dr. Henry Cantor Bernal.

Quando soube da denúncia, o sindicalista procurou a polícia. Ele, que é integrante do Conselho Municipal de Saúde (Comusa), conseguiu com o delegado Ricardo Valentim o número do boletim de ocorrência 3592-2020.

“A prefeitura tem que se pronunciar imediatamente. O hospital é mantido com verbas públicas e o falso médico colocava muita gente em risco de vida”, destacou Adriano.

“Quantos servidores e quantos munícipes esse homem não atendeu?”, questiona o sindicalista. Ele soube que o falso médico teria atendido pacientes que vieram a morrer, inclusive o caso de uma idosa, com câncer, que foi tratada pelo criminoso como se tivesse Covid-19.

Eduardo Felipe dos Santos Alves foi uma das pessoas que procuraram a Polícia Civil para denunciar a atuação do falso médico. Ele relatou que sua avó, Maria José dos Santos, de 66 anos, deu entrada no hospital em estado terminal de um câncer. Na oportunidade, o “médico” teria diagnosticado que ela estava com coronavírus, sem fazer referência ao câncer.

“A gente só tinha informações através do boletim médico passado por ele. Sempre tínhamos problemas, porque ele mentia para a gente, dizendo que ela tinha comido bem e que estava melhorando. Queria dar alta pra ela”, disse Eduardo, em entrevista ao G1. A idosa acabou não resistindo e morreu no sábado (30).

Quietude

O sindicalista espera, ainda, receber uma resposta do prefeito Alberto Mourão (PSDB) aos ofícios enviados por ele a respeito de irregularidades em tenda de saúde no bairro Quietude.

“As denúncias são graves, mas até agora a prefeitura sequer ligou para dizer que recebeu a documentação. Isso revela enorme descaso com a saúde dos servidores e da população”, disse Adriano.

Um dos ofícios requer que a prefeitura realize teste de Covid-19 nos servidores. “Muitos estão na linha de frente de combate ao coronavírus e merecem passar pelo exame”.

A denúncia diz que, na tenda, os servidores fazem as refeições no mesmo local onde estacionam as ambulâncias. E que, no lugar do refeitório, montaram uma unidade inadequada de tratamento intensivo.

Como não há sanitário, os pacientes fazem necessidades fisiológicas ao lado do refeitório, num banheiro químico. E os dejetos são transportados pelos servidores de saúde.

Os ofícios especificam outras irregularidades, inclusive referentes a refeições e laudo da vigilância sanitária estadual para funcionamento do refeitório no local.