O laboratório usa a planta da maconha para o uso medicinal e farmacológico - Foto: Agência Brasil

Por Marcelo Hailer, da Revista Fórum

O Instituto D’Or de Pesquisa e Ensino (IDOR) e a Entourage Phytolab, startup especializada no desenvolvimento de medicamentos à base de cannabis no Brasil, firmaram parceria em estudo sobre as diferentes ações dos compostos canabinoides nas células nervosas humanas.

O objetivo da parceria é realizar estudos que permitam desenvolver, no futuro, diferentes alternativas de tratamento para Alzheimer, epilepsia, Parkinson e dores de origem neuropáticas.

Segundo comunicado das duas organizações, a comunidade científica tem observado grande potencial na cannabis em doenças graves que atacam as células neurais.

Antes da parceria com a Entourage Phytolab, o IDOR, sob a coordenação de Steven Rehen (UFRJ), já trabalhava no desenvolvimento de medicamento à base de cannabis.

Um desses estudos envolve, a partir do método de testagem não invasivo, o efeito dos canabinoides em células neurais de pacientes com síndrome de Dravet, que é uma encefalopatia progressiva associada às convulsões de difícil controle e que pode levar à morte súbita.

A síndrome de Dravet tem se mostrado resistente aos tratamentos convencionais e, muitas vezes, leva os portadores ao óbito, principalmente quando crianças. Todavia, os primeiros resultados da pesquisa com os canabinoides têm revelado resultados promissores.

Por fim, apesar de parte dos médicos ter conhecimento da eficácia dos canabinoides em pacientes com Alzheimer, por exemplo, o entendimento da ação das substâncias derivadas da cannabis ainda é vago.

A parceria entre o Instituto D’or e o Entourage Phytolab, a partir de pesquisas a serem iniciadas em 2021, tem por objetivo entender a ação dos diferentes compostos canabinoides no sistema nervoso.

Método de testagem

O método de testagem não invasivo se baseia em recolher, a partir da urina de pacientes, células epiteliais que, posteriormente, serão induzidas a se tornar células-tronco pluripotente. A partir deste ponto, elas podem ser transformadas em células de qualquer tecido humano.

Para os estudos que envolvem a neurologia, elas são manipuladas até formarem tecidos ou organoides cerebrais, pequenas estruturas análogas ao cérebro humano no início de seu desenvolvimento.

Essas estruturas possuem a mesma genética de seus pacientes doadores, o que permite observar em laboratório as interações positivas ou negativas dessas células com variadas substâncias, entre elas, as oriundas da cannabis.