Luiz Xavier - Foto: Divulgação

Servidor público aposentado, Luiz Antonio Xavier, de 64 anos, é o candidato a prefeito pelo Partido Socialista dos Trabalhadores Unificado (PSTU), sem coligação com outras siglas.

“Revitalizar o Centro significa colocá-lo sob o controle dos trabalhadores e não da especulação imobiliária. Todo o imóvel desocupado e usado para especulação deve ser desapropriado para fins de moradia popular”, propõe o candidato.

Com o número 16, Xavier é natural de Piracicaba, no interior do estado de São Paulo, e em sua chapa como candidato a vice, o aposentado Alexandre Carvalho Leme (PSTU), de 66 anos.

Folha Santista: Por que o senhor é candidato a prefeito de Santos?
Luiz Xavier: Sou candidato para apresentar um programa completamente diferente do que os demais defendem, pois o PSTU não diz que vai governar para todos. Nosso programa é para defender os interesses dos trabalhadores. Um programa socialista em defesa daquelas e daqueles que constroem a riqueza dessa cidade. Em especial, os trabalhadores negros que hoje estão nos bairros mais pobres, com os empregos mais precários, muitas vezes sem acesso à moradia digna, saúde, educação…

Folha Santista: Quais são os principais eixos do seu plano de governo?
Xavier: Meu principal objetivo como prefeito é que os trabalhadores santistas tomem a cidade em suas mãos. Para isso, é necessário organizar os trabalhadores em seus bairros e em seus locais de trabalho, para que eles mandem na cidade, que decidam sobre o orçamento e a gestão, sobre os rumos da cidade. E para isso, vamos organizar: Conselho Popular de Santos, com delegados eleitos pelas organizações dos trabalhadores nos bairros e nas fábricas, para que sejam os trabalhadores e a população nos bairros organizados que passem a controlar a cidade de Santos. Nessas eleições municipais, os candidatos comprometidos com banqueiros e empresários fazem várias promessas para a classe trabalhadora, e depois da eleição nada muda, alegam que não têm dinheiro. Isso é mentira. Se usarmos o dinheiro gasto com a dívida pública e taxarmos as grandes fortunas, poderemos garantir serviços públicos de qualidade para a população.

Folha Santista: A cidade vem perdendo empregos no Porto de Santos, o que o senhor pretende fazer para que isso se reverta?
Xavier: O maior Porto do país deve estar a serviço de trazer qualidade de vida para a população, e não lucro para os empresários. Para isso, e para gerar empregos de qualidade, defendemos a reestatização total do Porto e sua regionalização, para que seja controlado pelos conselhos populares de Santos e pelos trabalhadores portuários, garantindo também maior eficiência e segurança com cargas perigosas.

Folha Santista: Qual sua posição acerca da instalação da usina de incineração de lixo em Santos?
Xavier: Sou contra. Está entre as piores formas de lidar com os resíduos, tanto energeticamente quanto para o meio ambiente e para a qualidade do ar das comunidades ao redor. Estamos ao lado do movimento contra a incineradora, assim como estivemos na luta contra a cava subaquática.

Folha Santista: O senhor tem alguma proposta para a revitalização do Centro? O que o pretende fazer nesta região da cidade?
Xavier: Revitalizar o Centro significa colocá-lo sob o controle dos trabalhadores e não da especulação imobiliária. Todo o imóvel desocupado e usado para especulação deve ser desapropriado para fins de moradia popular. Os moradores dos cortiços do Centro devem estar entre as prioridades para receberem moradia popular.

Folha Santista: Quais propostas tem para a área de cultura e turismo da cidade?
Xavier: A cultura popular, de rua, indígena, quilombola e periférica deve ser valorizada, com estrutura e recursos públicos. Defendemos um aparelho cultural e uma biblioteca pública por bairro, sob o controle dos conselhos dos bairros.

Folha Santista: O que pretende fazer para melhorar o atendimento na área de saúde, especialmente nas especialidades?
Xavier: Santos tem uma das maiores taxas de contaminação e mortes do país. A pandemia de Covid-19 mostrou que no capitalismo até mesmo a saúde e a vida são tratadas como mercadoria. Isso demonstra a necessidade de estatizar os equipamentos de saúde a serviço da população e fortalecer o SUS. Não faz sentido que os enormes recursos dos hospitais privados estejam a serviço somente de quem pode pagar e não do conjunto da população. Aqui em Santos, as OSs e Ocips consomem 30% do orçamento da saúde. Entre as nove cidades da Baixada é a segunda que menos investe em saúde.

Folha Santista: Como avalia as duas gestões de Paulo Alexandre Barbosa?
Xavier: Péssimas! Como servidor público municipal, não poderia dar outra resposta. Foram muitos ataques aos servidores e aos serviços públicos. A retirada de direitos dos servidores, como o rebaixamento e congelamento dos salários, os ataques à aposentadoria, calote ao Iprev, ao adicional de titularidade e à Capep, são a outra face da moeda do descaso com os serviços públicos que deveriam atender aos trabalhadores. Estive na greve de 2017 e nas demais lutas da categoria. Continuaremos lutando por serviços públicos de qualidade, concursos públicos e pelo direito dos servidores. Nossa proposta é que os secretários sejam eleitos pelos trabalhadores de cada área, em conjunto com os conselhos, e que todos os serviços sejam controlados pelos conselhos populares nos bairros e locais de trabalho.