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Por Marcelo Hailer, da Revista Fórum

O presidente eleito dos EUA, Joe Biden (Democrata), anunciou na segunda-feira (9) a sua força-tarefa para trabalhar em medidas de contenção ao coronavírus.

De acordo com as informações reveladas pelo governo de transição, uma brasileira compõe a equipe: trata-se de Luciana Borio, médica especialista em doenças infecciosas, medicina intensiva e biodefesa.

Luciana é brasileira nascida no Rio de Janeiro, porém, vive nos EUA desde a década de 1980. Graduou-se em medicina pela Universidade de George Washington em 1996. A partir de 2008, ela compôs a equipe do Food and Drug Administration (FDA), que é a agência federal estadunidense que supervisiona a segurança alimentar, medicamentos, cosméticos e produtos veterinários.

Na FDA, ela foi uma das responsáveis por lidar com as epidemias de H1N1, ebola e o vírus Zika.

Atuante na área de biodefesa, Luciana Borio esteve, entre 2017 e 2019, no Conselho de Segurança Nacional (NSC) da Casa Branca, onde integrou o grupo de trabalho sobre pandemias e segurança nacional.

Os perigos de uma nova pandemia sempre estiveram, nos últimos dez anos, no horizonte de vários pesquisadores que já haviam atuado com a H1N1, A médica brasileira Luciana Borio é uma delas: em 2018, ao apresentar um seminário sobre gripes e epidemias, ela alertou que os EUA não estavam preparados para lidar com uma nova pandemia.

Esse alerta feito por Luciana e pela equipe do NSC teve como resposta do presidente Donald Trump o encerramento das atividades do departamento. Hoje, Trump alega que ninguém poderia prever a amplitude da pandemia do coronavírus. Todavia, o país segue sem uma estratégia unificada de combate e prevenção à doença.

Isso deve mudar com o governo de Biden, visto que, em seu segundo pronunciamento, ele exaltou a ciência e pediu ao povo norte-americano para usar máscara, pois, afirmou o presidente eleito, que esta é a única forma de prevenção e claro, lavar as mãos.

“Uma máscara não é uma declaração política, mas uma boa forma de unir o país”, disse o presidente eleito.

Cloroquina

Desde a eclosão da pandemia, Luciana Borio foi uma crítica contumaz do uso da cloroquina como método de tratamento para a Covid-19, antes mesmo que estudos comprovassem que o uso o do medicamento, que é defendido por Trump e Jair Bolsonaro, era inútil no combate ao coronavírus.

Vacina e prevenção

Luciana também fez parte do time de vozes de médicos pesquisadores que sempre chamaram a atenção e cobraram do governo Trump uma política nacional de prevenção, entre elas, o uso da máscara, o rastreamento de infectados, pessoas que tiveram contatos com infectados pela Covid-19 e por uma política de testagem em massa em nível nacional. Porém, em entrevista ao New York Times ela afirmou que tal política não estava “acontecendo”.

A médica brasileira também é cautelosa e bastante realista sobre as vacinas. Em entrevista à CNBC, em outubro, ela declarou que “uma solução definitiva requer uma grande disponibilidade de uma ou várias vacinas seguras e eficazes, mas elas não virão tão rápido”. Luciana ainda chamou a atenção para a necessidade da produção em grande escala e que, até que esteja disponível para todos, pode levar bastante tempo.

Força-tarefa

A força-tarefa de combate à pandemia anunciada por Joe Biden será composta, além da brasileira Luciana Borio, pelo ex-cirurgião-geral Vivek Murthy, David Kessler, que é ex-comissário da FDA, e a Dra. Marcella Nunez-SMith, pesquisadora da Universidade de Yale. Além destes, irão compor a força-tarefa pesquisadores de várias universidades norte-americanas e ex-membros da Organização Mundial da Saúde (OMS).

Abaixo, você pode conferir uma palestra de Luciana Borio sobre epidemias: