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Na época, o AI-5 ameaçava e perseguia o movimento estudantil, chegando, inclusive, a tomar a sede dos estudantes, na Avenida Ana Costa, em Santos. Cerceados pela censura e a repressão, estudantes de todo país travaram as mais bonitas lutas contra a ditadura militar. Aqui em Santos, isso se deu com mais de 17 mil estudantes elegendo a nova diretoria do Centro dos Estudantes de Santos (CES).

Sem dúvida, o movimento estudantil tem papel histórico na luta do país pela democracia e igualdade, e em tempos obscurantistas, como os que vivemos hoje, é ele também quem dá as caras nas ruas, reivindicando os direitos do povo brasileiro.

Em 2019, a Baixada Santista e o Brasil testemunharam um dos maiores atos já vistos nos últimos tempos. Juntos, milhares de estudantes, trabalhadores e defensores da educação ocuparam as ruas e avenidas de Santos e tantas outras cidades, formando um verdadeiro “tsunami” pela educação por todo o país.

Nossa luta é para que as entidades estudantis (centros acadêmicos e diretórios acadêmicos), também perseguidas na época, retomem seu caráter de luta e combatividade, pelo ensino público e gratuito e contra o sucateamento do ensino privado. A sede, que hoje abriga as lutas e anseios da juventude da Baixada, é peça chave nessa construção, e a retomada de sua propriedade é objetivo central da nova geração.

Congresso estudantil elegeu Aline Cabral à presidência da entidade, em 2019

Os desafios postos para nós, jovens dessa geração, ainda são os mesmos. Nossas primeiras barreiras para organizar os estudantes são as catracas e a perseguição institucional de nossos militantes. O cenário de ataque à democracia e aos nossos direitos, bem como à livre organização, parece se repetir em 2020 como foi em 1964. A repressão às entidades estudantis volta a assombrar aqueles que querem construir uma nação soberana, com a educação sendo a arma de transformação.

O CES, com seus mais de 88 anos, carrega consigo uma longa história de luta e resistência em defesa dos estudantes e dos jovens da nossa região. Hoje, comemoramos os 40 anos de seus maiores feitos e também maior desafio. Que o Congresso de abril de 1980 nos inspire e nos ajude a manter acesa a chama da esperança de que dias melhores virão, e serão conquistados pelas mãos dos estudantes.