Fotos e vídeo: Henrique Pabst

A comunidade acadêmica da região continua se mobilizando contra o fechamento do Campus Boqueirão da Universidade Católica de Santos (UniSantos). O local abriga os prédios das tradicionais faculdades de Direito e de Arquitetura e Urbanismo (Faus), à Avenida Conselheiro Nébias.

Centenas de pessoas foram para as ruas, neste sábado (23), com o objetivo de protestar em relação à decisão da Sociedade Visconde de São Leopoldo, mantenedora da universidade. Ela pretende encerrar as atividades nos dois edifícios a partir de 2022.

O objetivo da instituição é realocar estes cursos junto com todos os outros no Campus Dom Idílio José Soares, localizado também na Avenida Conselheiro Nébias, mas no bairro Encruzilhada.

Políticos da região se posicionaram contra a medida e declararam, publicamente, apoio ao movimento deflagrado por arquitetos, advogados, ex-professores, alunos e ex-alunos da Faus e da Direito.

“Os lugares por onde passamos são a parte mais concreta da nossa história. São o símbolo da identidade de um grupo, de uma sociedade. São eles que servem de referência, de memória visual, de realizações. E os espaços universitários são mais ainda do que tudo isso: são a concretude da perspectiva de futuro de inúmeras gerações”, afirmou a vereadora Telma de Souza (PT).

“Estudantes, ex-alunos, entidades e a comunidade se reuniram ontem na mobilização contra o fechamento do Campus Boqueirão da UniSantos, onde ficam os prédios da Faculdade de Arquitetura e de Direito. Foi aqui na Casa Amarela que me formei advogada. A Cidade dá o recado: não ao fechamento!”, acrescentou.

A vereadora Débora Camilo (PSOL) também manifestou seu repúdio à decisão da instituição.

“O campus Boqueirão é parte da história da arquitetura em nossa região. É um espaço vivo, pulsante e que precisa ser preservado. Nessa luta manifesto todo meu apoio aos profissionais da educação, estudantes e a população santista”, destacou Débora.

O secretário de Planejamento e Inovação da prefeitura de Santos, Fábio Ferraz, foi outro que se posicionou de forma contrária ao fechamento do campus.

Ação popular

Na última semana, a juíza Fernanda Menna Pinto Peres, da 1ª Vara da Fazenda Pública de Santos, deferiu ação popular, impedindo a demolição dos edifícios do Campus Boqueirão da Universidade Católica de Santos (UniSantos). O local abriga as tradicionais faculdades de Direito e de Arquitetura e Urbanismo (Faus), à Avenida Conselheiro Nébias.

O advogado Henrique Lesser Pabst ingressou com propositura contra a Sociedade Visconde de São Leopoldo, mantenedora da universidade.

Tudo começou quando a direção da UniSantos informou aos alunos das duas faculdades que o Campus não funcionaria mais a partir de 2022. A notícia causou grande repercussão, principalmente entre estudantes e ex-alunos. Houve intensa mobilização para tentar impedir o fechamento dos imóveis.

Para tentar sensibilizar o reitor Marcos Medina Leite, os alunos criaram uma petição online, que contava, na semana passada, com mais de 4 mil assinaturas.

“Fechar o Campus Boqueirão é apagar a história de inúmeros alunos que já passaram por aqui, momentos importantes para a universidade e para a cidade, além das memórias de todas as resistências gravadas neste prédio. Encerrar uma tradição do modo que foi conduzido é expressar o desrespeito com todos seus estudantes e egressos que ainda hoje tem orgulho de chamar o Campus Boqueirão de casa”, diz um trecho do documento.

Henrique Pabst revela que ingressou com a ação popular para pedir a proteção do patrimônio público. “A gente precisava, em caráter de urgência, impedir que esse imóvel fosse demolido. Eu também dei entrada em um pedido de tombamento, que vai ser enviado ao CONDEPASA (Conselho de Defesa do Patrimônio Cultural de Santos). A partir daí eles vão abrir o processo e notificar a Sociedade Visconde de São Leopoldo”, explicou.

“Em consequência disso, nada impedia que alguma coisa fosse feita antes dessa notificação, porque a universidade só vai tomar conhecimento do processo de tombamento quando for notificada. Então, essa tutela de urgência vem nesse sentido”, destacou.

No entanto, segundo o advogado, essa medida isolada não é o ponto principal. “Acredito que o grande diferencial será a denúncia que foi protocolada no Ministério Público (MP)”. 

Assista ao vídeo: