Foto: Sasirin-pamais-images/Canva Imagens

Por Júlia Motta

Um grupo de pesquisadores da Universidade de Oxford, na Inglaterra, desenvolveu um teste com a capacidade de prever as chances de uma pessoa desenvolver demência em 14 anos. O estudo utiliza os principais fatores de risco para traçar as possibilidades.

demência é, na verdade, um conjunto de doenças que causam a disfunção da memória, do pensamento e da capacidade de aprender. Hoje, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS)50 milhões de pessoas convivem com a condição. O Alzheimer, que atinge sete em cada dez indivíduos, é uma das principais enfermidades do conjunto.

A pesquisa

Divulgado em 21 de agosto na revista BMJ Mental Health, o estudo analisou dados do UK Biobank, o Biobanco do Reino Unido, de cerca de 220 mil pessoas com idades entre 50 e 73 anos e os utilizou em outras duas avaliações.

  • Primeiro, as informações dos 220 mil indivíduos, com idade média de 60 anos, foram examinadas para desenvolver a ferramenta de avaliação de risco;
  • Em seguida, dados de 2.934 pessoas com idade média de 57 anos do estudo Whitehall II foram usados para validá-la.

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A partir disso, os pesquisadores listaram 28 fatores ligados ao risco de demência e selecionaram os principais:

  • Idade;
  • Escolaridade;
  • Histórico de diabetes;
  • Histórico de depressão;
  • Histórico de acidente vascular cerebral;
  • Histórico parental de demência;
  • Níveis de privação;
  • Pressão alta;
  • Colesterol alto;
  • Morar sozinho;
  • Ser do sexo masculino.

Além desses fatores, os cientistas também avaliaram a questão genética. Com o uso de outra ferramenta, eles analisaram a presença ou não do gene APOE, comumente associado ao desenvolvimento de Alzheimer.

A primeira ferramenta foi chamada de UKBDRS e a segunda de UKBDRS-APOE. De acordo com os pesquisadores, a UKBDRS-APOE apresentou pontuação mais alta, seguida pela UKBDRS. A ferramenta  “supera significativamente” outras avaliações de risco semelhantes atualmente disponíveis, segundo os cientistas.

“É importante lembrar que esta pontuação de risco apenas diz as chances de desenvolver demência; não representa um diagnóstico. Embora a velhice e o gene APOE sejam determinantes, a junção de diabetes, depressão e hipertensão aumentam o risco em cerca de três vezes em comparação ao de uma pessoa da mesma idade sem essa combinação de sintomas”, explica uma das autoras, Sana Suri, da Universidade de Oxford.

Outra contribuição da pesquisa é sua capacidade de destacar medidas preventivas que indivíduos podem adotar para atrasar o diagnóstico. Trabalhos anteriores sugerem que até 40% dos casos de demência poderiam ser evitados através da mudança de hábitos, principalmente ao parar de fumar, reduzir a pressão arterial elevada, perder peso e menor ingestão de álcool.

“O UKBDRS pode ser melhor utilizado como uma ferramenta de triagem inicial para segmentar as pessoas em grupos de risco. Os pacientes identificados como de alto risco poderiam se beneficiar das avaliações de acompanhamento para uma atenção médica mais individualizada”, destaca o líder da pesquisa Raihaan Patel, em entrevista ao The Guardian.