Moysés Fernandes - Foto: Arquivo Pessoal

O jornalista Moysés Fernandes, de 44 anos, é o quarto entrevistado da série de candidatos a prefeito de Santos. O representante do Partido Verde (PV), que não apresenta coligação, nasceu na cidade que pretende administrar e, além de jornalista, atua como consultor empresarial e treinador comportamental.

“A questão do Centro vai ser enfrentada com um tripé importante, composto por construção de moradias, atração de empresas e segurança. Outro ponto importante em relação ao Centro é a questão do turismo histórico e patrimônio cultural”, defende Moysés, que carrega o número 43.

Para compor a chapa do PV, a aposentada Sonia Brunetti, de 66 anos, é a candidata a vice.

Folha Santista: Por que o senhor é candidato a prefeito de Santos?
Moysés Fernandes:
Quero ser prefeito de Santos para implementar uma gestão baseada nas melhores práticas empresariais. Penso que precisamos levar os conceitos da gestão empresarial para a gestão pública, ainda que existam diferenças importantes em ambas.

Folha Santista: Quais são os principais eixos do seu plano de governo?
Moysés:
Existem alguns eixos importantes que pretendemos trabalhar o longo dos quatro anos de mandato. Atrair indústrias e empresas preocupadas com o desenvolvimento sustentável e bioeconomia para gerar os empregos que temos perdido nos últimos anos. Para atrair essas empresas precisamos reforçar nossa segurança pública. Uma cidade segura, iluminada e capaz de monitorar suas vias se torna um bom lugar para investimentos. De posse de um diagnóstico da área, buscar as melhores práticas já aplicadas na região e no interior de São Paulo e implementá-las aqui em Santos. Temos que levar a guarda para o século XXI e permitir que ela atue de forma preventiva na segurança. Para tanto, será preciso fortalecer a estrutura, abrir um novo concurso para aumentar o efetivo gradativamente e dar condições de treinamento para que o guarda esteja preparado para poder agir em conformidade com a lei federal que rege a GCM. Outro eixo importante que precisamos atuar é na construção de moradias para combater o déficit habitacional de mais de 10 mil moradias, isso sem falar nas quase 4 mil pessoas que moram em palafitas ou condições não adequadas de moradia. Para que a gente possa amenizar essa questão vamos precisar construir através da modalidade de PPP. Com esses investimentos e atração de indústrias e empresas vamos, gradativamente, arrecadar mais e essa arrecadação precisa ser investida para a saúde na atenção básica, mas principalmente na prevenção. E também precisamos fortalecer a estrutura das escolas municipais, que hoje não é adequada e não está preparada para a utilização de toda tecnologia capaz de fazer Santos dar um salto quando o assunto é educação. Criar uma área capaz de atrair indústrias e empresas será importante para a criação de novos empregos. Temos que beneficiar produtos aqui na cidade. Para tanto, se faz necessário criar um núcleo ligado ao gabinete do prefeito que visite sistematicamente as indústrias e empresas oferecendo as condições criadas aqui em Santos. Santos tem que ser competitiva para atrair esses investimentos e vamos buscar a parceria da Câmara para que o santista não precise mais subir a Serra para acessar empregos qualificados.

Folha Santista: A cidade vem perdendo empregos no Porto de Santos, o que o senhor pretende fazer para que isso se reverta?
Moysés:
Pretendemos criar, com aprovação da Câmara Municipal, uma área no Centro da cidade e em bairros como o Paquetá e Vila Mathias com isenções pra atrair indústrias e empresas, que poderão beneficiar produtos que hoje apenas passam pelo Porto de Santos. No passado tínhamos essas empresas que geravam milhares de empregos, mas infelizmente hoje a cidade acaba não sendo competitiva e perdemos espaço para outras cidades do estado, que criaram verdadeiros polos mesmo com distância do Porto. No entanto, acredito que a médio prazo podemos começar a mudar esse cenário, atrair as empresas e gerar os empregos que a cidade precisa.

Folha Santista: Qual sua posição acerca da instalação da usina de incineração de lixo em Santos?
Moysés:
Chegamos em um ponto onde o aterro está em uma situação delicada. Portanto, essa situação do aterro do Sítio das Neves tem que ser enfrentada. No entanto, penso que a melhor solução não passa pela instalação de uma usina de incineração/URE. A incineração vai produzir toneladas de gases que vão ser lançados na atmosfera e também um resíduo perigoso que é resultado da incineração. Especialistas falam em mais de 200 toneladas/dia de uma massa tóxica que precisará ser levada em caminhões para uma área no interior de São Paulo. Hoje, existem tecnologias mais baratas, não poluentes que podem ser implantadas, como os biodigestores. Essa tecnologia promove o fortalecimento da reciclagem, gera uma indústria capaz de gerar riquezas e empregos e ainda atende à política nacional do meio ambiente.

Folha Santista: O senhor tem alguma proposta para a revitalização do Centro? O que o pretende fazer nesta região da cidade?
Moysés:
A questão do Centro vai ser enfrentada com um tripé importante, composto por construção de moradias, atração de empresas e segurança. Outro ponto importante em relação ao Centro é a questão do turismo histórico e patrimônio cultural. Precisamos promover a cidade de forma mais agressiva e aproveitar o momento para criar plataformas para que o santista e turistas possam acessar essas estruturas virtualmente.

Folha Santista: Quais propostas têm para a área de cultura e turismo da cidade?
Moysés:
Santos sempre respirou cultura, exportou grandes talentos para todo o Brasil, mas hoje percebo que nosso talentos estão passando por dificuldades. Penso que é papel do gestor público garantir os investimentos para que a cultura possa ser levada para todas as classes. Precisamos construir um calendário anual forte da cultura da cidade e desenvolver projetos com a iniciativa privada para integrar a cultura e o patrimônio histórico do Centro da cidade.

Folha Santista: O que pretende fazer para melhorar o atendimento na área de saúde, especialmente nas especialidades?
Moysés:
Quando pensamos em saúde e especialidades precisamos enfrentar esse problema com parcerias privadas. Diminuir o tempo para o atendimento e exames tem que ser prioridade.

Folha Santista: Como avalia as duas gestões de Paulo Alexandre Barbosa?
Moysés:
Entendo que houve erros e acertos na atual administração, mas precisamos buscar uma outra forma de gestão para Santos. Como em todas as áreas da vida, a renovação é fundamental e penso que estamos nesse momento onde precisamos renovar as práticas, promover um maior equilíbrio entre todas as áreas da cidade, valorizar os servidores e entender que ou governamos para que todos tenham acesso universal à mesma cidade ou seguiremos enfrentando os problemas dos últimos 30 anos.