Foto: Redes Sociais

Por Lucas Rocha na Revista Fórum

Desde novembro de 2019, Adriana Haas Villas Bôas, filha do general Eduardo Villas Bôas, está lotada como assessora do Ministério da Mulher, Família e Direitos Humanos, comandado por Damares Alves, na Coordenadoria-geral de Pessoas com Doenças Raras. O ministério, em nota, não deixa claro se a bacharel em Direito frequenta suas dependências e se exerce sua função conforme exigência legal.

Segundo o Portal da Transparência, a filha do general – que também possui cargo no governo, como Assessor Especial do Gabinete de Segurança Institucional – está categorizada em uma função DAS 101.4. O Salário bruto recebido por ela é de R$ 10.373,30. O pai recebe R$ 13.623,39 na função DAS 102.5.

Em setembro, ela chegou a ser nomeada como coordenadora-geral do Conselho Nacional da Pessoa com Deficiência (CONADE), mas, dois meses depois, foi transladada para o gabinete da ministra.

Diário Oficial da União do dia 7 de novembro de 2019 traz a mudança: “Nomear ADRIANA HAAS VILLAS BÔAS, para exercer o cargo de Coordenadora-Geral das Pessoas com Doenças Raras do Departamento de Gestão e Relações Interinstitucionais da Secretaria Nacional dos Direitos da Pessoa com Deficiência deste Ministério, código DAS 101.4, ficando exonerada do cargo que atualmente ocupa”.

Em 6 fevereiro de 2020, Damares publicou no DOU uma atualização da relação nominal dos ocupantes de cargos e Haas seguia no posto.

Nenhuma menção nem aparição

Apesar de ser integrante do gabinete de Damares, a filha do ex-comandante do Exército nunca apareceu publicamente com a ministra, nem mesmo foi mencionada nas redes sociais de Damares. A única menção da ministra ao sobrenome da assessora no Twitter foi ao pai dela, em 18 de setembro de 2019 – dias após a primeira nomeação.

Na ocasião, Damares postou uma foto ao lado de Eduardo e fez a seguinte declaração: “Tive um momento muito especial com o General Villas Bôas. Pense na alegria de dividir a mesa com este homem. Falou sobre sua luta contra a depressão. Nos fez rir e chorar. Um herói brasileiro que veio nos ensinar que a vida é cheia de lutas, mas pode ser muito bela”.

A nomeação de Haas para o gabinete de Damares ocorreu dias após a primeira divulgação de um debate realizado pelo Instituto Rompendo Fronteiras, comandado pela filha do general, em 2 de setembro, com a participação de Villas Bôas, Damares Alves e Patricia Maretti. Foi nesse debate que Damares e Villas Bôas tiraram a foto divulgada pela ministra.

Assíduas nas redes sociais, nem a ministra nem a filha do general publicaram sobre a nomeação. A última menção de Haas ao Ministério foi feita no dia 4 de abril, quando ela fala sobre uma cartilha para pessoas com doenças raras sobre a Covid-19 publicada pela pasta em parceria com o observatório de Doenças Raras da Universidade de Brasília (UnB).

Sem mencionar que integra a coordenadoria de Doenças Raras ela faz a seguinte postagem: “Ministério da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos (MMFDH) publicou cartilha acessível para todos sobre como devem proceder os Raros nos tempos do Covid-19. ❤️ Somos grupo de risco e temos que observar alguns cuidados. 🍀 Os vídeos são estrelados pela Secretária Nacional @priscillagasparoficial ! 🤟🏻 Obrigada a todos os profissionais envolvidos. 🇧🇷 E meu eterno agradecimento a Ministra Damares Alves por nunca esquecer dos Raros”.

Questionado pela Fórum, o Ministério da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos informou que a servidora “reside em Brasília e exerce sua função adequadamente”.  

“Informamos que, a servidora Adriana Haas Villas Bôas, reside em Brasília/DF e atua como Coordenadora Geral das Pessoas com Doenças Raras, lotada na Secretaria Nacional dos Direitos da Pessoa com Deficiência, do Ministério da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos, sendo nomeada no dia 07 de novembro de 2019, onde exerce, desde então, sua função adequadamente. A referida servidora ainda atuou como Coordenadora-Geral do Conselho Nacional dos Direitos da Pessoa com Deficiência entre os meses de setembro e novembro de 2019”, diz a nota enviada pelo ministério.

Críticas ao governo

Assim como o pai, que é portador de esclerose lateral amiotrófica (ELA), Haas também é portadora de uma doença rara. Ela possui Espondilite Anquilosante e é forte defensora do uso medicinal do canabidiol, contrariando setores mais ideológicos do governo Bolsonaro. A filha do general é crítica ferrenha de Olavo de Carvalho e chegou a questionar pelas redes sociais a proximidade de Bolsonaro com o astrólogo no início do governo.

No dia 24 de abril, a assessora de Damares ainda postou uma mensagem lamentando a saída de Sérgio Moro do Ministério da Justiça. “Em tempos sombrios de corrupção desenfreada, reforçada por aduladores de bandidos, o Sr. fez um país inteiro sonhar novamente! ❤️ Obrigada por tudo”, escreveu.

A coordenadora do Ministério da Mulher e Direitos Humanos também tem dedicado tempo ao Instituto General Villas Bôas.

https://www.facebook.com/drikahaas/posts/3096754643723678