Eduardo Paes e Marcelo Crivella - Foto: Montagem

Por Lucas Rocha, da Revista Fórum

O ex-prefeito Eduardo Paes se sagrou vencedor do pleito deste domingo (29), no Rio de Janeiro, e voltará a ocupar o Palácio da Cidade, após quatro anos longe do comando da capital carioca. O feito veio após uma vitória acachapante sobre o atual ocupante do posto, o bispo Marcelo Crivella (Republicanos), que era apoiado pelo presidente Jair Bolsonaro.

Segundo dados do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), Paes se impôs com 64,07% dos votos válidos contra 35,93% de Crivella. A diferença é similar à apresentada em pesquisas dos institutos Ibope, Datafolha e RealTime às vésperas das eleições.

Paes, que governou a cidade entre 2009 e 2016, conseguiu voltar ao comando da prefeitura do Rio após uma gestão desastrosa de Crivella, marcada pelo abandono, denúncias de favorecimento de pessoas ligadas à Igreja Universal do Reino de Deus (IURD) e o avanço de uma agenda ultraconservadora. O prefeito chegou a enfrentar um processo de impeachment e outros dois pedidos de impedimento.

Jair Bolsonaro e fake news

O atual gestor tentou colar sua imagem à do presidente Jair Bolsonaro, mas se juntou a outros aliados do ex-capitão que não conseguiram ter bom desempenho nas urnas. As fake news foram também uma marca da campanha de Crivella no segundo turno. O candidato, que teria usado carros de som para disseminar mentiras contra Paes, chegou até mesmo, a repercutir informações falsas durante o debate da TV Globo.

Crivella acusou Paes de ter um acordo com o PSOL para implantar “ideologia de gênero nas escolas” e fez ataques de cunho homofóbico e de preconceito religioso. O bispo licenciado da IURD relacionou o ex-prefeito ao Zé Pilintra, falange de entidades de luz originária do Catimbó e incorporado por religiões como a Umbanda, em uma espécie arquetípica do malandro, ao comentar sobre a relação de Paes com o Carnaval. Essa citação fez com que diversos eleitores aderissem ao “chapéu do malandro” para votar.

Eduardo Paes

Em 2016, quando o bispo saiu vitorioso, Paes não conseguiu emplacar um sucessor no comando da cidade, Pedro Paulo (MDB, na época). Em 2018, o ex-prefeito foi ao segundo turno na disputa do governo do estado, mas perdeu para Wilson Witzel em meio à onda bolsonarista.

O ex-prefeito volta ao posto com a promessa de recuperar áreas como Saúde e Transportes, sucateadas na gestão Crivella. Apesar de ser criticado pelas remoções em seu governo, em razão das obras para as Olimpíadas de 2016, Paes recebeu apoio crítico de partido de esquerda no segundo turno.

Primeiro turno

No primeiro turno, o ex-prefeito havia alcançado 37% dos votos válidos, contra 21,9% de Crivella. Em terceiro aparecia Martha Rocha (PDT), com 11,3%, apenas 0,03 ponto percentual à frente de Benedita da Silva (PT).