Uma das características curiosas de Santos, inclusive famosa nacionalmente, é a grande quantidade de prédios tortos ao longo da cidade. Afinal, essa situação é perigosa?
De acordo com informações do engenheiro civil Evandro Rossi Dasambiagio, a inclinação dos 319 prédios nessa situação é de 1,0 a 1,5 centímetro por ano, em média, e vai continuar.
Para se “endireitar” os edifícios seriam necessários R$ 20 milhões, a depender de cada prédio. Além disso, o trabalho de engenharia levaria cerca de um ano.
Ainda conforme o especialista, não há condições de calcular o tempo para um prédio colapsar, ou seja, chegar ao nível de oferecer perigo a ponto de precisar ser desocupado.
O engenheiro transmitiu todas essas informações em uma reunião entre síndicos e moradores, que formalizaram a criação de uma associação que tentará arrumar recursos e soluções para o problema, de acordo com reportagem de Carlos Ratton, no Diário do Litoral.
A questão atinge quase 23 mil unidades habitacionais, que integram os 319 edifícios inclinados em Santos. Desses, 65 exigem mais atenção, com inclinação lateral de 50 centímetros ou mais.
“Ao longo do tempo, quando a inclinação for aumentando, pois os prédios não vão parar de inclinar, a margem de segurança vai sendo consumida até a necessidade de intervenções civis urgentes, como interdição e evacuação do prédio”, destacou o engenheiro, responsável por laudos de dez prédios da cidade.
Dasambiagio relatou que a solução não é fácil. “Seria uma nova e profunda fundação, corte de pilares, reaprumo com macacos hidráulicos e reforçar os pilares. Isso obrigaria os moradores a saírem dos prédios em obras durante o dia e voltarem à noite somente para dormir, depois da garantia diária de segurança”, esclareceu.
Em contrapartida, o especialista tranquilizou a população em um ponto: as inclinações não permitirão o efeito dominó. “Qualquer que seja a situação do prédio, se chegar a situação de colapso e desabar, sempre será no sentido vertical, para baixo e nunca para os lados”, assegurou.
Bairros mais afetados
Entre os bairros de Santos mais afetados pelos prédios tortos são o Embaré, com 18 edifícios inclinados, seguido pelo Boqueirão, com 16, e Aparecida, com 14.
A lista inclui até importantes marcos da arquitetura santista, como os edifícios Ilhas do Sul e Jardim do Atlântico, na Praia da Aparecida, e o Enseada, na Ponta da Praia. Anhembi e Iris são os mais inclinados.