Foto: Serviço de Parques e Vida Selvagem da Austrália

Por Ana Mércia Brandão

Na Austrália, um grupo de mais de 100 baleias-piloto-de-barbatana-longa encalhou e morreu nas águas rasas da praia de Cheynes. Apesar de encalhes de animais naquela região serem comuns, esse caso chamou a atenção de especialistas e da comunidade internacional, pelo comportamento das baleias antes da morte, nunca visto por humanos até então.

As baleias se amontoaram na água rasa antes de encalhar, formando uma espécie de “coração”. As autoridades australianas montaram uma verdadeira força-tarefa para devolver os animais a águas mais profundas, com o comando do Serviço de Parques e Vida Selvagem da Austrália Ocidental, uma atividade corriqueira para os especialistas. Centenas de voluntários, biólogos, veterinários e representantes do governo local e de zoológicos foram ajudar, mas em vão. As baleias que eram liberadas da formação rapidamente voltavam para o mesmo lugar, a cerca de 60 km da costa, e encalhavam novamente.

Após um período, mais de 50 baleias-piloto já haviam morrido e a decisão das autoridades foi de sacrificar o restante, para poupá-las da intensa agonia.

Por que as baleias encalham

Os motivos para o encalhe de baleias são variados. A topografia costeira e as variações na maré transformam algumas regiões, como a praia de Cheynes, em armadilhas para os animais marinhos de grande porte. A situação é ainda pior se a baleia, ou golfinho, em questão estiver debilitada de alguma forma, seja por doença, fome, lesões ou desorientação.

A poluição sonora pode interferir nas habilidades de comunicação e movimento das baleias, conduzindo os animais a caminhos errados. E essa não é a única forma que o ser humano pode facilitar o encalhe desses animais. Pesca, colisão de embarcações e o derramamento de produtos químicos que chegam até as águas oceânicas em algum momento também podem lesionar as baleias, tornando esse fenômeno natural bem mais comum.

Encalhe em massa

Estudos mostram que as baleias-piloto apresentam um comportamento social muito forte. Assim, quando algo acontece com um membro do grupo, todos os demais permanecem unidos. É o que pode ter acontecido no caso da tragédia na Austrália. Em entrevista ao Metrópoles, o coordenador técnico-científico da organização internacional sem fins lucrativos Sea Shepherd, Juan Pablo Torres-Florez, teorizou que a matriarca das baleias-piloto, aquela que liderava o grupo, pode ter ficado desorientada ou doente, o que levou todas a encalharem com ela.

As baleias-piloto crescem até 8 metros de comprimento e pesam até 3 toneladas. Desse modo, se ficam fora da água, seus órgãos podem ser gradualmente esmagados sob o próprio peso. Isso pode ter contribuído também para que, mesmo quando devolvidas ao oceano, elas voltassem a encalhar.

Já sobre a curiosa “formação de coração” antes do encalhe, especialistas ainda não têm uma resposta para o mistério. No entanto, amostras dos dentes e da gordura das baleias-piloto que morreram encalhadas foram coletadas, para entender o que pode ter acontecido.

*Com informações do Metrópoles.