Eliel Rosa, brasileiro condenado por invadir o Capitólio, em imagem publicada em 2018. (Foto: Nehemiah220/Facebook)

Por Carolina Fortes

Nesta quinta-feira (6), completa um ano que o Capitólio dos Estados Unidos foi invadido por extremistas apoiadores de Donald Trump. Um dos brasileiros que participaram do ataque, Eliel Rosa foi condenado a 12 meses de pena condicional, punição considerada mais branda do que a de muitos outros invasores.

Nascido em uma cidade pequena do Brasil e filho de um pastor evangélico, Eliel foi para os Estados Unidos em 2010, alegando ser alvo de perseguição política, e obteve asilo em 2018. Junto com a família, eles se instalaram em Midland, cidade de 140 mil moradores no oeste do Texas.

Lá ele fundou o ministério Nehemiah220, que diz ter como missão “motivar e facilitar a reconstrução da identidade judaico-cristã americana”. No vídeo que anuncia a criação do projeto, o brasileiro alerta que os EUA estão em risco e “podem se destruir ao perderem sua origem e não acordarem”.

Segundo ele, só uma volta aos valores tradicionais poderia evitar uma decadência capaz de transformar o país em um lugar “condenado à destruição”, como seu Brasil natal. “Eu conheço um país muito bem. Um país sem os valores da América. País bonito, com pessoas bonitas. Mas uma nação nascida na vergonha e condenada à destruição”, diz, em inglês.

À Justiça, Rosa disse que se arrepende de ter participado da invasão

Envolvido na invasão do Capitólio, Rosa disse à Justiça que foi ver o comício de Trump junto com a amiga Jenny Cudd e, ao fim do discurso, decidiu voltar ao hotel para comer algo. Depois, se juntou à multidão que ia em direção ao Congresso.

Chegando lá, ele e Cudd relataram que encontraram uma porta aberta e entraram no prédio, às 14h35. Eles ouviram o que pareceu um tiro (cinco pessoas morreram na ocasião), se afastaram para que equipes de socorro atendessem o ocorrido e deixaram o local após receber ordem para isso, às 14h43.

Mais de 700 pessoas já foram punidas pelo governo norte-americano. Eliel foi um dos que se apresentou ao FBI dias após a invasão. Ele foi preso e passou a ser atendido por defensores públicos. No processo, disse estar arrependido, mas pronto para encarar as consequências.

“Eu fui contra um dos princípios fundadores da América: não ceder às paixões originadas nas partes mais baixas da natureza humana. Já expressei minha profunda vergonha a todos os nossos amigos e apoiadores. Estou perto de perder minha família por causa disso, mas não posso mudar as coisas”, disse.

“Só o que posso fazer é dar minha palavra de que se eu for autorizado a ficar neste país e realizar meu sonho americano, nunca mais cometerei uma estupidez assim de novo. Eu amo essa nação. A América é onde quero que meu corpo descanse quando minha hora chegar.”

A prisão fez com que amigos se afastassem da família dele e apoiadores deixassem de doar para o Nehemiah220.

Apesar de reconhecer o arrependimento de Rosa, a promotora do caso, Amanda Fretto, afirmou que ele entrou de forma violenta no Capitólio ao ver as cenas de caos ao redor e decidir continuar mesmo assim.

Ele e a amiga foram indiciados por cinco acusações: obstruir um procedimento oficial, entrar e permanecer em um prédio restrito, conduta desordeira em um prédio restrito, conduta desordeira em um prédio do Congresso e fazer piquete dentro do Congresso. Rosa se declarou culpado da última acusação, cuja pena máxima é de seis meses de prisão.

Com informações da Folha de S.Paulo