Foto: Arquivo/PMG

Por Telma de Souza*

A vida é o principal bem do ser humano, seja para ricos ou pobres, seja para bons ou maus, enfim. Todos precisam de condições mínimas para sobrevivência. Essas condições podem ser definidas basicamente por saúde, para que tenham qualidade de vida, e dinheiro, para ter acesso ao que é necessário.

Essa combinação entre saúde e economia – trabalho e geração de renda – é o grande desafio dos líderes mundiais e locais em razão da pandemia do novo coronavírus. É fundamental, para isso, uma nova governança da sociedade, que consiga contemplar todos os interesses.

São legítimos os pontos de vista. São compreensíveis as restrições de governantes para proteger a população e evitar o colapso dos seus sistemas de saúde. Do mesmo modo, as necessidades de comerciantes e prestadores de serviços, entre outros, para retomar os seus afazeres, garantirem empregos e arcarem com seus compromissos.

O fato é que os cuidados com a saúde pública e a manutenção da economia precisam ter uma solução conjunta. Ao meu ver só há uma forma de uni-las: a formalização de um novo pacto social, entre governantes e seu povo.

Este acordo só se efetivará a partir de premissas benéficas para ambos os lados. Fiz isso quando prefeita de Santos, em dois momentos – um sanitário e outro, econômico – e, talvez pela criação desse tipo de laço de confiança, pude concluir o governo municipal com o reconhecimento altamente positivo pela população.

Em 1989, houve uma disparada de casos de Aids no mundo. As pessoas infectadas também morriam e Santos liderava casos oficiais, por seu porto e pela rotatividade de trabalhadores. Foi preciso atender às pessoas e promover uma nova forma delas se relacionarem, inclusive com distribuição de seringas e preservativos para evitar o contágio. Em todo o mundo, as pessoas tiveram que se acostumar com as mudanças comportamentais, especialmente em relação à prática sexual. Possivelmente com o coronavírus não será diferente.

Depois, em 1991, a demissão de 5.372 portuários pelo governo Collor provocaria um colapso econômico. Foi necessário que o comércio e as empresas da cidade entendessem o risco, inclusive para seus negócios, e apoiassem o Poder Público na luta pela devolução dos empregos. E conseguimos!

Agora, impõe-se um novo contrato social. Os governantes não sinalizam retroceder às exigências enquanto não houver uma baixa na curva de casos e na sobrecarga de leitos. Portanto, havendo essa percepção, é imperativo que se delimite um prazo de isolamento mais rígido, porém condicionado a um período definido para a reabertura gradual das atividades econômicas.

Ou seja, com o alcance dos índices recomendados, permitir-se-ia a reabertura imediata do comércio. O que se pretende, então, é estabelecer um compromisso de ambos cumprirem o negociado.

Por tudo isso, é fundamental entender que as relações sociais mudaram. E essa nova ordem mundial só se concretizará com a confiança entre as pessoas!

*Telma de Souza é vereadora pelo PT e ex-prefeita de Santos