Foto: Reprodução/Redes Sociais

Após decretar o fim da política de “Zero Covid”, a China tem vivenciado uma explosão de casos da doença em todo o território do país. O epidemiologista e pesquisador de Harvard, Eric Feigl-Ding, fez uma estimativa de que 60% da população chinesa deve se infectar com o coronavírus. Tal número representa 10% da população mundial. 

Por conta do grande avanço de casos de Covid-19, os hospitais da China estão completamente lotados e há o temor de que o sistema de saúde entre em colapso. 

O médico brasileiro Bruno Gino revisou os dados apresentados pelo epidemiologista Eric Feigl-Ding e afirmou que eles são “verossímeis”. 

Por meio de suas redes, Eric compartilhou um comunicado do epidemiologista-chefe do governo chinês, Wu Zunyou, o qual afirma que “o pior está por vir” e que provavelmente o país enfrentará “três grandes ondas”.  Zunyou acredita que as próximas duas ondas devem acontecer após as viagens do ano-novo lunar no final de janeiro. 

Segundo Iara Vidal, colunista da Fórum, responsável pela coluna Diário da China e que esteve recentemente por lá, ao sair do país ela relata que a política de “Zero Covid” ainda estava em vigor, mas que já havia uma onda. Naquele momento, relata Iara, “estavam ocorrendo os protestos” contra a política anticovid do governo chinês. Iara também relata que, quando foi embora “muito amigos que moram lá pegaram Covid e tinham parentes doentes”. 

Além disso, ela revela que, segundo uma amiga chinesa – que está com Covid -, “essa primeira onda lotou os hospitais” e que isso traz um outro problema: “os profissionais de saúde estão pegando Covid, o que reduz o atendimento nos hospitais”. 

Outra questão que Iara levanta diz respeito ao fato de que a vacinação na China não é obrigatória. “Há campanhas de incentivo, mas ninguém é forçado a tomar a vacina. Ao contrário do que muita gente diz, foram três doses de vacinas oferecidas e já está sendo oferecida a quarta dose. A maioria da população recebeu três doses há um ano”. 

Cobertura vacinal em idosos ainda é baixa

No entanto, Vidal destaca o fato de que, apesar da taxa vacinal ser alta, o mesmo não se dá entre os idosos. 

Segundo dados do governo da China, 95% da população em geral (20 a 50 anos) está vacinada, mas em idosos com idade acima de 80 anos, a taxa é de 65% com três doses. 

A fonte de Iara Vidal na China afirma que, mesmo diante de tal quadro, dificilmente a política de “Zero Covid” seja retomada, mas que o governo deve acelerar a vacinação da população “para diminuir a taxa de mortalidade”. 

Além disso, outro aspecto que é questionado pela fonte diz respeito às filas em necrotérios e que o problema, de fato, são as filas em hospitais.

Como resposta à onda do coronavírus, o governo da China iniciou uma política de vacinação em massa. De acordo com boletim divulgado nesta terça-feira (20), foram aplicadas 3.461.498.000 bilhões doses de imunizantes contra o coronavírus.

Marcelo Hailer
Jornalista (USJ), mestre em Comunicação e Semiótica (PUC-SP) e doutor em Ciências Socais (PUC-SP). Professor convidado do Cogeae/PUC e pesquisador do Núcleo Inanna de Pesquisas sobre Sexualidades, Feminismos, Gêneros e Diferenças (NIP-PUC-SP). É autor do livro “A construção da heternormatividade em personagens gays na televenovela” (Novas Edições Acadêmicas) e um dos autores de “O rosa, o azul e as mil cores do arco-íris: Gêneros, corpos e sexualidades na formação docente” (AnnaBlume).