Foto: Redes Sociais

O sociólogo Célio Antônio de Barros Nori, 71 anos, conhecido por todos como Célio Nori, coordenador do Fórum da Cidadania de Santos e do Fórum Social da Baixada Santista, morreu na noite desta segunda-feira (17), em consequência de complicações com a Covid-19, na UTI da Santa Casa de Santos, onde estava internado desde abril.

Célio foi gerente do Sesc Santos. Ele deixa esposa, quatro filhos e seis netos. O velório será no Memorial Necrópole Ecumênica, a partir das 14 horas e a cerimônia de cremação às 19 horas, no mesmo local.

Durante seu período de internação, centenas de pessoas acompanharam seu estado de saúde através de vários grupos de WhatsApp e redes sociais. A cada melhora, a cada alteração de seu quadro, reações de amigos e admiradores iam da alegria à profunda tristeza.

O valor do legado de Célio Nori pode ser medido pelas inúmeras mensagens que se espalharam pela internet desde o final da noite desta segunda-feira, quando foi confirmada a notícia de sua morte. Admiradores, parceiros, amigos e companheiros fizeram questão de manifestar a dor pela sua perda.

Abaixo algumas das várias dessas manifestações, que foram mantidas na íntegra como uma forma de homenagem a Célio:

“A perda do amigo Célio Nori é enorme para Santos e Região. Foi alguém que dedicou sua vida para a construção de uma sociedade mais justa, inclusiva e democrática.

Suas atividades demonstram o quanto trabalhou pela Cidade, seja nas áreas cultural, como diretor do Sesc; educacional, na Fefis; no Esporte, enquanto secretário da Administração Democrática Popular (governo David Capistrano); e ao assumir um mandato como vereador, entre 1994 e 1996, sendo uma trincheira na defesa da cidadania da população.

Essa atuação o levou a idealizar, ao lado se outros companheiros e companheiras, o Fórum da Cidadania e, mais recentemente, o Fórum Social da Baixada, de modo que sua figura se confundia com a própria luta por justiça social em Santos e em nossa região.

Vítima da inexistência de ações governamentais no enfrentamento à pandemia da Covid-19, seu legado é um grito de resistência

Descanse em paz, companheiro!

Célio Nori, presente!”, Telma de Souza, Vereadora e ex-prefeita de Santos

“Celio foi por toda a sua vida um militante dos movimentos sociais. Inclusive foi o redator do Manifesto do Fórum de Economia Solidária da Baixada Santista.

Sabemos que se o nosso companheiro tivesse acesso à vacina estaria nesse momento ao lado da sua família e nos mobilizando para a finalização da Plataforma de Prioridades para a Baixada Santista.

Celio foi vítima da ação de genocidas que combateu.

A forma que temos de honrar a sua memória é continuarmos a combater essa política feita por assassinos e a lutar pela construção de uma sociedade mais justa, fraterna, igualitária e solidária.

Marina Nori, a sua dor também é a nossa. Somos solidários a você e toda a sua família. 

Continuaremos o legado do Celio”, Newton Rodrigues, Zootecnista e doutor em Aquicultura. Atua na Câmara Temática de Agropecuária, Pesca e Economia Solidária e no Fórum de Economia Solidária da Baixada.

“Ele está sempre junto e sempre atende quando é procurado. Nem a pandemia de coronavírus o parou. Está sempre disposto a discutir problemas da habitação, saúde, segurança. Célio sempre estimulou as pessoas para que participassem das atividades do Fórum e está na linha de frente”, Uriel Villas Boas, coordenador de Comunicação do Fórum da Cidadania.

“O querido Celio Nori partiu. Foi levado pelo Covid. Incansável militante, guerreiro, sempre prezou pela união dos movimentos, das pessoas, das pautas. Exemplo de boa política, de respeito. Foi vítima daquilo que sempre combateu. Foi vítima de um governo medíocre que já poderia ter comprado vacinas e salvo grande parte da população. Em respeito a sua memória e luta é nosso dever fazer o possível pra acabar com esse genocídio. Forte abraço a todos os amigos e admiradores do Célio”, Theo Cancello, músico.

“Companheiro Célio,Presente! Presente! Presente! Vá em paz, pois cumpriu belas missões por aqui!”, Cassandra Maroni, ex-vereadora de Santos.

“Conheci o Célio quando era gerente do Sesc e, aos poucos, por algumas iniciativas conjuntas, fomos estreitando nossa amizade. Sempre admirei sua capacidade de articulação e ele era a espinha dorsal do Fórum da cidadania. Grande perda para a militância verdadeira, consciente e comprometida desta cidade. Valoroso companheiro”, Helder Marques, jornalista.

“Célio querido! Militante! Incansável! Sonhador! Companheiro! Mais um amigo abatido por está doença!

Quantas perdas! Malditos negacionista! Maldito presidente que todos os dias faz da morte seu exercício !

Célio, viva o Célio! Célio viverá se continuar sua luta!

Célio vive!”, Fausto Figueira, médico e ex-deputado estadual pelo PT.

“A natureza amanhece chuvosa e triste, impactada pelo passamento de Célio Antônio de Barros Nori, à noite de ontem, 3ª. feira, dia 17 de maio. Sua perda, para a covid, é inexcedível. Temos, como consolo, a oportunidade de havê-lo conhecido, admirando, em alguém, essa perfeita harmonia entre a pessoa, que a escolheu, e a atividade profissional que exerceu; a extrema capacidade, a cujo serviço colocava seu gênio criativo, seu poder de articulação, e sua doação à causa pública. Formado sociólogo, ingressou no SESC, onde perfez sua carreira, fazendo amigos os colegas de trabalho, à sua volta. Elegeu-se vereador, na chapa do PSB, e imprimiu sua marca à Secretaria Municipal de Esportes, que conduziu no governo Telma de Souza. Aposentando-se, concebeu, criou e sustentou, com paciência, simpatia e ânimo conciliador, o Fórum da Cidadania de Santos, organismo vivo, impessoal e dinâmico, cujas finalidades, ultimamente, havia estendido a toda a Baixada Santista, com a criação do Fórum Social da Baixada Santista. Nesta época, em que a política, o bem-estar do povo, as liberdades e o pensamento são terrivelmente ameaçados, demonstrou que – mais do que na atuação dos partidos políticos, no manejo da burocracia e da administração, a democracia reside na presença, organização e participação popular: cidadania. A Fátima – sua esposa – e seus filhos, o comovido abraço de seus amigos e companheiros, na certeza de que Célio é imperecível”, Sérgio Sérvulo da Cunha, advogado, poeta, foi vice-prefeito de Santos na gestão de Telma de Souza.

Celio Nori foi um sujeito imprescindível, desses que têm a ousadia de sonhar e realizar uma cidade – uma Baixada Santista – efetivamente democrática.

Acolhedor, paciente e persistente, nos organizava com leveza e transparência, fazendo uso do bom e velho telefone.

Quando o Instituto Procomum teve início, nos recebeu generosamente, manifestando seu entusiasmo com as novas gerações e o fortalecimento da sociedade civil. Literalmente, abriu as portas pra quem ele mal conhecia mas percebia como potenciais companheiros. E a profecia se cumpriu, pois desenvolvemos numa cooperação sadia e fraterna ao longo dos últimos anos. Realizava aquela que para mim é a boa política: a feita com a mão estendida e não com o punho cerrado.

Ao Célio, minha mais sincera gratidão e o respeito que não cessa.

Em vida, ensinou com gestos, mais que palavras.

Que sua morte, por uma doença que poderia estar controlada não fosse a insanidade desse sujeito inominável que preside o país, convoque a sociedade a refletir sobre sua responsabilidade social.

Celio Nori Presente!”, Rodrigo Savazoni, Jornalista, escritor e produtor cultural. Um dos fundadores e atualmente diretor-executivo do Instituto Procomum. Cursa doutorado em Ciências Humanas e Sociais na UFABC e tem alguns livros publicados no Brasil e no exterior.