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Por Lucas Rocha, da Revista Fórum

A Universidade de Oxford e o laboratório AstraZeneca anunciaram nesta terça-feira (8) a interrupção dos testes da vacina contra o novo coronavírus. Ela estava na Fase 3 de testes e era apontada como a de estágio mais avançado.

“Esta é uma ação de rotina que deve acontecer sempre que houver uma doença potencialmente inexplicada em um dos ensaios, enquanto ela é investigada, garantindo a manutenção da integridade dos ensaios. Em grandes ensaios, as doenças acontecerão por acaso, mas devem ser revisadas independentemente para verificar isso com cuidado”, disse comunicado da empresa. A revista Stat News, referência em divulgação científica, apontou que o motivo seria uma possível reação adversa grave.

Segundo a Revista Veja, o anúncio foi feito logo após o fechamento dos mercados. Mesmo assim, o abalo foi grande e foi registrada uma queda de 6% nas negociações pós-fechamento.

A vacina de Oxford é uma três que possuem acordos no Brasil e aprovação para testes. Além dessa, que firmou parceria com a Fiocruz, a CoronaVac, da chinesa Sinovac, e a vacina da Pfizer fazem testagens no país.

Nesta terça, o ministro interino da Saúde, general Eduardo Pazuello, afirmou que pretende realizar uma vacinação massiva em janeiro. A de Oxford era a preferida do governo.

Unifesp

A Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), uma das entidades responsáveis pelos testes da vacina de Oxford, informou que não houve registro de reações graves à imunização nos 5 mil voluntários brasileiros vacinados.

“No Brasil, o estudo envolve cinco mil voluntários e avança como o esperado. Muitos já receberam a segunda dose e até o momento não houve registro de intercorrências graves de saúde”, disse, via nota.

“Pausa é normal”

O biólogo Atila Iamarino usou as redes sociais para comentar sobre o anúncio e tranquilizar sobre a possível reação adversa. “Não confirmaram reação adversa, nem qual o tipo de complicação. Se for reação adversa, deve aparecer em mais voluntários. Complicação isolada por outros motivos é previsível quando se tem milhares de testados. Ficar pausada quer dizer que param de admitir novos voluntários temporariamente. Mas quem já foi vacinado continua sendo acompanhado. Estão fazendo testes clínicos em milhares no Brasil, Reino Unido, África do Sul, EUA e Índia. Se for reação adversa, deve aparecer em mais pessoas”, afirmou o pesquisador, no Twitter.

Ele ainda ressaltou que a pausa é positiva. “Isso é sinal de um teste clínico sendo feito. É comum ter reações não relacionadas. E é nessa fase que se detectam reações mais raras. As duas são importantes medir, daí a implicação com EUA e Rússia fazerem esse tipo de teste antes de sair distribuindo vacinas”, declarou.