O diretor do Instituto Butantan, Dimas Covas - Foto Reprodução/YouTube

Responsável pela distribuição da principal vacina contra a Covid-19 no Brasil, a CoronaVac, Dimas Covas Neto, prevê um mês de abril “dramático”, em que o número de mortos por dia pela Covid-19 devem chegar a 5 mil.

“Estamos num momento em que a velocidade de transmissão ainda é muito alta. Abril vai ser o mês dramático para o Brasil. Os próximos 15 dias serão muito dramáticos. Veja, há uns 20 dias, parece que ninguém imaginava que iríamos checar à casa dos 3 mil mortos por dia. Os especialistas apontavam que estávamos caminhando para isso, mas a opinião geral da população não era essa. E então cruzamos a casa dos 2 mil, já passamos na casa dos 3 mil, estamos indo para os 4 mil e vamos chegar a 5 mil mortes por dia”, afirmou, em entrevista a Marcos de Moura e Souza, no Valor Econômico desta segunda-feira (5).

Segundo ele, a nova variante do coronavírus tem potencial infeccioso muito maior. Dimas Covas, afirma ainda que “as vacinas que estão aí não foram desenhadas e testadas contra a infecção”.

“Essa variante tem potencial de infecciosidade muito maior. Tem uma gravidade maior, provoca prolongamento de quadro clínico, uma carga viral maior. Tudo isso é propício para o aparecimento de variantes. A variante depende da taxa de transmissão e, como essa taxa de transmissão é muito elevada, a probabilidade de você ter mutações é muito grande. Então, o aparecimento das variantes depende da dinâmica da infecção. A vacina, em princípio, não é feita para controlar a infecção, é feita para controlar a manifestação clínica da infecção. As vacinas que estão aí não foram desenhadas e testadas contra a infecção. Elas foram testadas para proteção contra a doença, contra a manifestação clínica, contra os sintomas. Então, nesse contexto de variantes, a vacinação não vai impedir a infecção, vai impedir a internação, a mortalidade”, diz.

“Darwinismo social”

Braço direito do governador de São Paulo, João Doria (PSDB), Dimas Covas ainda critica a postura de Jair Bolsonaro, que estaria “fazendo darwinismo social”.

“O presidente acha que ficar em casa é coisa de maricas. Mas quando ele sai e leva seus seguidores para o meio da praça, ele está fazendo o jogo do vírus. Ele está fazendo darwinismo social. Expõe as pessoas ao vírus: os resistentes sobrevivem e os outros morrem”, afirma.