Foto: Governo do estado de SP

Por Bruna Alessandra

Nenhuma criança ou adolescente morreu em decorrência de efeito adverso da vacina, desde o início da imunização contra a Covid-19, na faixa etária abaixo de 18 anos no Brasil.

O dado foi divulgado em boletim epidemiológico especial do Ministério da Saúde, na terça-feira (26), que investigou 38 óbitos notificados por estados e municípios e descartou que eles tenham sido provocados pela vacina.

Segundo o boletim, desde o início da imunização até o dia 12 de março, o ministério recebeu a notificação de 3.463 casos de eventos adversos na faixa etária abaixo de 18 anos. Destes, 419 (ou 12,1% do total) foram graves e 38 resultaram em morte, segundo classificação das vigilâncias epidemiológicas municipais e estaduais.

A análise dos casos foi feita com base nas informações do sistema de informação e-SUS Notifica, onde vigilâncias epidemiológicas municipais e estaduais comunicam casos de eventos adversos. Com base nessas informações, todos os casos de óbito são investigados para comprovar ou descartar que a vacina está ligada à causa da morte.

A investigação aponta a média de idade de de 13 anos nos óbitos informados pelas vigilâncias, com a mesma proporção entre os sexos. O intervalo de tempo entre a vacinação e o início do evento adverso é de, em média, 30 dias.

Ao contrário das vacinas, a Covid-19 já foi responsável pela morte de 2.933 pessoas entre 10 e 19 anos, segundo dados dos cartórios de registro civil colhidos nesta quarta-feira (27).

Campanha antivacina

O boletim divulgado pelo Ministério da Saúde desmente a campanha antivacina de Jair Bolsonaro via notas técnicas de ministros. Uma delas expunha argumentos para sustentar que a vacinação de crianças não é obrigatória e que cabia aos governos estaduais atuar “na medida de suas competências”.

Já a nota do Ministério da Mulher, Família e Direitos Humanos – quando Damares Alves ainda ocupava o posto de ministra – falava em “violações aos direitos humanos” na adoção do passaporte da vacina e disponibilizava um disque-denúncia para que aquele antivacina que se sentir discriminado notifique o Estado.

Bolsonaro também já havia dito que as reações adversas aos imunizantes são uma “incógnita” e que a Anvisa não tinha apresentado  o “antídoto” para os possíveis efeitos colaterais.

“É aquela velha história, não se deve jogar na loteria R$ 10 para ganhar R$ 2. (…) 300 e poucas crianças, lamento cada morte, ainda mais de crianças que a gente sente muito mais. Mas não justifica vacinação pelos efeitos colaterais adversos que essas pessoas têm”, afirmou em entrevista para a Gazeta Brasil.

Os apoiadores do presidente também promoveram até mesmo panfletagens para aterrorizar a população e impedir o avanço da vacinação em crianças, que teve segurança atestada pela Anvisa.