Ivermectina fabricada pela Vitamedic - Foto: Reprodução

O hepatologista Raymundo Paraná está em alerta com o aumento de casos de pacientes que o procuraram com lesões no fígado devido ao excesso de uso de ivermectina, um vermífugo. Professor da Universidade Federal da Bahia (UFBA) e com mais de 30 anos de carreira, ele tinha atendido dois pacientes com esse quadro até outubro do ano passado. De lá para cá, nove pacientes chegaram a seu consultório com problemas hepáticos devido ao excesso de uso do remédio, segundo relatou ao jornal Correio.

De acordo com a reportagem, os pacientes que procuraram o hepatologista, de jovens a idosos, tinham tomado o medicamento em busca de tratamento ou até prevenção contra a Covid-19.  E chegam ao consultório com olhos amarelados, urina escura e náuseas, em geral.

O uso do remédio foi amplamente defendido para esse fim pelo presidente Jair Bolsonaro (sem partido), ao lado da cloroquina. Até um aplicativo do Ministério da Saúde fazia a recomendação. Eles faziam parte do chamado “kit covid”. No entanto, nenhuma das duas tem eficácia comprovada para isso.

Até mesmo a Merck, farmacêutica que fabrica o vermífugo, soltou nota no último dia 4 em que confirma que não há evidência científica que comprove a eficácia da ivermectina no tratamento da Covid-19.

Transplante

Presidente da Sociedade Paulista de Pneumologia e Tisiologia (SPPT), o médico Frederico Fernandes relatou em suas redes sociais que um paciente jovem terá que se submeter a um transplante de fígado depois de usar ivermectina para tratamento precoce da Covid-19.

Depois de fazer a denúncia, ele teve que fechar o acesso a seus perfil no Twitter por ter sido vítima de ataques virtuais devido à denúncia. “Me solicitaram avaliação para uma paciente com hepatite medicamentosa. Está a um passo de precisar de um transplante de fígado. Ganha um troféu quem adivinhar qual medicação foi a culpada. Hepatite medicamentosa por Ivermectina. 18 mg por dia por uma semana. Por COVID leve em jovem”, tuitou o pneumologista no sábado (6).