Foto: Raphael Alves/Amazônia Real

O Brasil segue superando marcas cada vez mais macabras da pandemia do coronavírus. Nesta terça-feira (14), com os novos registros de óbitos em decorrência da Covid, o país ultrapassou 360 mil óbitos desde o início da crise sanitária.

De acordo com balanço do Conselho Nacional de Secretários de Saúde (Conass), nas últimas 24 horas foram contabilizadas 3.459 mortes. O número não é recorde, já que este foi registrado no último dia 6, quando foram somados 4.249 óbitos. Os novos registros, no entanto, fizeram o Brasil chegar a 361.884 mortes acumuladas.

O número de pessoas que têm sido infectadas pelo vírus também segue em patamar alto. Foram, segundo o Conass, 73.513 novos registros na últimas 24h, o que totaliza 13.673.507 de casos confirmados de Covid desde o início da pandemia.

Falta de sedativos

O governo de São Paulo enviou, nesta terça-feira (13), um ofício ao Ministério da Saúde no qual afirma precisar de medicamentos do kit intubação, em 24 horas, para repor estoques e evitar o desabastecimento de drogas essenciais para o tratamento dos pacientes de Covid-19 em situação grave.

“A situação de abastecimento de medicamentos, principalmente daqueles que compõem as classes terapêuticas de bloqueadores neuromusculares e sedativos está gravíssima, isto é, na iminência do colapso, considerando os dados de estoque e consumo atualizado pelos hospitais nesses últimos dias”, afirma o documento assinado pelo secretário de Saúde, Jean Gorinchteyn.

Ele diz também que há mais de 40 dias vem formalizando “reiteradamente” ao Ministério da Saúde solicitações para a adoção de “medidas expressas e urgentes” para a recomposição dos estoques em São Paulo.

Destaca que enviou nove ofícios, que enumera no documento, “sem retorno”. “Tais fatos motivam nossa insistência em solicitar providências imediatas”, afirma ele.

“O Ministério da Saúde manteve o estado de São Paulo durante 6 (seis) meses sem fornecimento de qualquer quantidade de medicamentos provenientes das requisições administrativas realizadas. E furta-se a esclarecer qual critério adotado para definir a distribuição dos milhões de unidades farmacêuticas requisitadas, face ao quantitativo ínfimo enviado ao estado de São Paulo”, diz ainda o secretário.

A mesma situação se repete em Mina Gerais. Na última semana, o governador Romeu Zema (Novo) chegou a alertar que algumas regiões mineiras só possuíam estoques do produto para até dois dias. “Estamos correndo risco de pacientes intubados acordarem por falta de sedativos e isso não pode ocorrer de forma nenhuma”, declarou, na ocasião.

Uma das causas do agravamento do problema, segundo Zema, é que o Ministério da Saúde teria requisitado toda a produção industrial desses medicamentos.

O presidente da Frente Nacional de Prefeitos (FNP), Jonas Donizette, afirmou que mais de 1.200 municípios do país relataram falta de insumos e medicamentos. Para ele, o problema está acontecendo também por culpa do governo federal, que teria se negado a comprar, em setembro, os itens para o chamado kit intubação.

Na época, segundo Donizette, o Executivo federal alegou aumento de 10% nos preços. Porém, agora, com o agravamento da crise, o kit intubação aumentou quase 1.000% no mercado. “As dificuldades vão se multiplicando. Na virada do ano, é como se a pandemia tivesse deixado de existir para o governo. Os municípios ficaram praticamente sozinhos”, ressaltou.