O médico Marcos Caseiro - Foto: Reprodução/YouTube

Por Julinho Bittencourt, da Revista Fórum

O infectologista Marcos Caseiro afirmou, em entrevista para os jornalistas Dri Delorenzo e Renato Rovai, no programa Fórum Onze e meia, nesta quarta-feira (16), que muito provavelmente a primeira vacina contra o coronavírus a chegar ao público será a chinesa.

Caseiro comentava sobre a volta às aulas neste momento. De acordo com ele, a vacina chega em três meses e não há razão para expor alunos, professores e funcionários agora que faltam apenas dois meses para acabar o ano letivo.

Perguntado sobre qual a vacina que acredita que vai chegar primeiro, Caseiro foi taxativo: “Pode escrever, a vacina que nós temos mais segura e mais promissora é a chinesa. Ela não tem invenção, é feita com o vírus morto, inativado. Esse modelo é o mesmo de um monte de outras vacinas. A russa e a de Oxford são baseadas em um modelo que é a inserção de uma porção do genoma no adenovírus. Esses modelos são recentes. Nós não temos grandes vacinas, usadas quotidianamente com esse tipo de abordagem. A chinesa não, foi no tradicional. É a vacina que eu tomaria com muito mais tranquilidade”.

O infectologista lembrou ainda que a vacina chinesa, por ser composta pelo vírus morto, pode ser usada por todos sem contraindicação. “Além disso, a China garante que, assim que os testes terminarem, sua tecnologia será disponibilizada ao mundo de maneira totalmente gratuita”, alertou.

Tempo de imunidade

Já com relação às discussões sobre o tempo de imunidade do coronavírus, Caseiro esclarece que o fato de o indivíduo eliminar PCR e continuar positivo não indica que ele está eliminando o vírus. “Existem oito trabalhos no mundo a esse respeito. Todos dizem que depois de oito a dez dias o indivíduo não elimina mais vírus, não contamina, ainda que o exame do cotonete possa continuar dando positivo. O protocolo é claro, após dez dias do início dos sintomas a pessoa está liberada para retornar à atividade. Não volta se os sintomas persistirem”.

Já a questão dos anticorpos, segundo ele, é muito discutida. “O mundo está atrás desses dados. Nós temos estudos aqui, no Hospital Guilherme Álvaro, em Santos, indicando que pacientes de até seis meses atrás continuam com anticorpos em níveis altos e vigorosos. São duas questões importantes, 17% dos pacientes que tiveram PCR, que testaram positivo, o teste não detectou anticorpos. A pergunta que fica é: ‘será que o problema é da sensibilidade do teste?’ Então nós trabalhamos para levar o sangue destes indivíduos para uma resposta celular. É uma segunda parte. No começo da pandemia do HIV, a pessoa que se contaminava levava cerca de 60 dias para dar positivo. Hoje em dia, leva cerca de 14 dias. Isso é uma característica dos testes, que tendem a melhorar com o tempo. Eu tenho inúmeros casos de coronavírus que mostram que a imunidade é transitória, que dura talvez em torno de um ano e meio dois, algo parecido com o que acontece com a gripe”, afirmou.

Não é hora de relaxar

Para o infectologista, não é o momento de relaxar. “O grande problema que a gente tem neste momento do meu ponto de vista é este segundo movimento, onde as pessoas começam a abrir, os mais jovens que têm menos risco de complicar. É isso que eles estão chamando de segunda onda, que chamam de efeito bumerangue. Todo mundo relaxa, abre escola, abre tudo e aquelas pessoas que estavam em isolamento começam a ser acometidas pela doença. É o grande temor, que está acontecendo no mundo inteiro. Nos últimos cinco dias nós tivemos aumentos consideráveis da média móvel aqui em Santos, que estava em três, quatro casos para quarenta, cinquenta casos. É matemático, começa a vacilar, como foi no fim de semana que todo mundo veio pra cá, pra praia e os casos aumentam”, encerrou.