Divulgação/Unifap

A Baixada Santista tem baixa incidência de covid-19: apenas 1,41% da população foi infectada pelo coronavírus, o que representa 23.257 pessoas. Em Santos, a proporção é de 1,43% (ou seja, 5.957 habitantes que já tiveram a doença).

Os resultados da primeira etapa do estudo epidemiológico para mapear o vírus em toda a região foram divulgados nesta segunda-feira (4), levando à conclusão de que, neste momento, não é possível flexibilizar o isolamento social e que o uso de máscaras por toda a população é importante para conter o avanço da doença. O pico da covid-19, estimado pelo Ministério da Saúde, será na primeira semana de junho.

A pesquisa regional denominada Epidemiologia da Covid-19 na Região Metropolitana da Baixada Santista (Epicobs), foi realizada pela Fundação Parque Tecnológico, a pedido do Conselho de Desenvolvimento Metropolitano da Baixada Santista (Condesb), e apresentada pelo prefeito de Santos e presidente do órgão, Paulo Alexandre Barbosa, em conjunto com o secretário de Governo, que preside o conselho da Fundação e é um dos coordenadores da pesquisa, o secretário de Saúde, Fábio Ferraz, e o médico infectologista e também coordenador do estudo, Marcos Caseiro.

O levantamento é dividido em quatro fases e compreende coleta de amostras de sangue e aplicação de questionário. Nesta primeira etapa, 2.342 testes foram realizados nos moradores das nove cidades da Baixada Santista (região com 1.649.863 habitantes), escolhidos de forma aleatória. Do total, 33 amostras deram resultado positivo.
Em Santos (cidade com 416.220 habitantes), 559 pessoas fizeram o exame, com oito confirmações de covid-19. As taxas de prevalência são calculadas com base na população de cada uma das cidades e de toda a Baixada Santista.

Não flexibilizar
“Fomos em busca de respostas com base em dados científicos e eles mostram que nossa população é extremamente vulnerável ao coronavírus. Estamos falando de 1,43% das pessoas infectadas. A gente percebe que as medidas adotadas até agora foram as mais acertadas e imprescindíveis. Se fosse diferente, estaríamos numa situação muito pior. Neste momento, devemos seguir com a estratégia que já adotamos, preservando vidas. Não é hora de flexibilizar medidas, abrir, liberar”, destacou o prefeito.

Os dados, somados às análises de curvas epidemiológicas do Ministério da Saúde apontando para um pico de casos de covid-19 na primeira semana de junho, reforçam, segundo Paulo Alexandre, que é fundamental manter o isolamento social. “Nosso sistema está preparado, temos leitos disponíveis, e queremos continuar assim, para que ninguém venha a óbito por falta de leitos”.

Marcos Caseiro reforçou que, ao agrupar os dados do Ministério da Saúde sobre o pico da doença no próximo mês com os que são coletados na Baixada Santista, fica clara a ascensão da epidemia na região. “Se flexibilizarmos as medidas neste momento, será uma tragédia do ponto de vista epidemiológico”.

A pesquisa, que foi realizada entre os dias 29 de abril e 1º de maio, considera que, com base nas 23.357 infectadas na Baixada Santista (1,41%) e com 1.744 casos notificados oficialmente até domingo (3), é possível estimar, para cada confirmação oficial, outros 13 casos não notificados da doença. Em Santos, com 666 registros até a mesma data, essa proporção é de 9 registros não notificados para cada notificado.

A cidade com maior incidência de covid-19 é Mongaguá, que aparece com taxa de 5,48%. “Esta é uma situação que será investigada”, explicou o secretário Rogério Santos.

Questionário
Durante o estudo, os pesquisadores fizeram perguntas aos abordados como Você se considera informado sobre a covid-19? Fez ou faz uso de máscara? Que tipo de máscara? Está atualmente em isolamento?

De forma geral, 61,46% informaram que estão em isolamento e 94,15% utilizam máscaras. Segundo Marcos Caseiro, chamou a atenção o fato de que mais de 70% dos entrevistados utilizam o Sistema Único de Saúde (SUS), sendo que 60,32% dependem dessa assistência e 12,43% utilizam plano de saúde, atendimento particular e SUS ao mesmo tempo. “É da estruturação do SUS que depende a vida dos nossos moradores”, frisou o prefeito.

Rogério Santos destacou o envolvimento de todas as universidades da região e que a pesquisa é um instrumento fundamental para nortear as ações na Baixada Santista em um dos piores momentos da história recente da humanidade. “São mais de 40 pesquisadores das universidades reunidos por meio da Fundação Parque Tecnológico, com contribuição da Associação Comercial de Santos, e participação das secretarias municipais de Saúde”.

Para o secretário de Saúde Fábio Ferraz, a deliberação do Condesb, a estrutura acadêmica e o envolvimento das secretarias de Saúde da região estão sendo essenciais para o êxito da pesquisa. “Todos os servidores da Saúde da Baixada Santista se empenharam nesse processo. Reunir evidências técnicas é o melhor caminho para enfrentar essa crise”.

Próximas etapas
Outras três fases serão realizadas para complementar toda a pesquisa e terão intervalo de 15 dias entre cada uma. Ao todo, em um período de dois meses, 10 mil pessoas serão testadas na Baixada Santista por meio de exames rápidos financiados pelo Condesb. As próximas etapas serão realizadas entre 13 e 15 de maio, de 27 a 29 de maio e de 10 a 12 de junho.

A Baixada Santista é a quarta região no mundo a realizar pesquisa científica com o objetivo de mapear o coronavírus. Países como Áustria e Islândia e o estado do Rio Grande do Sul já fizeram estudos semelhantes entre os meses de março e abril.