Andréa - Foto: Reprodução/Facebook

O fato ocorrido com o publicitário Alexei Schenin, o Ksei, de 47 anos, que foi impedido de ser vacinado contra Covid-19, mesmo tendo tetraplegia espástica e enfisema panlobular, voltou a se repetir em Santos. Andréa de Lima Azevedo, 52 anos, ficou tetraparética (perda incompleta de movimentos), após ser baleada três vezes, há 25 anos.

No entanto, não pôde ser imunizada. O motivo da proibição foi o mesmo nos dois casos: o não recebimento do Benefício de Prestação Continuada (BPC), segundo a psicóloga Monica de Lima Azevedo, de 62 anos, irmã de Andréa.

“Isso é um absurdo. Ela não anda, tem movimentos extremamente reduzidos de braços e pernas, depende de cuidados para higiene, alimentação e atividades de vida diária”, disse Monica, em entrevista a Ágata Luz, em A Tribuna.

“Foi tomar vacina com dificuldade imensa pra sair de casa. Apresentou CPF, comprovante de residência e o benefício por morte de meu pai, uma vez que, por ela ser deficiente e dependente dele, teve direito”, relatou Monica.

Mesmo assim, a empresária foi impedida de receber a vacina. Andréa não recebe BPC, pois possui boas condições financeiras, além do benefício por morte do pai.

“Imagina uma pessoa que não tem condições financeiras ou de ir ao médico? Isso é ‘burrocacia’. Até quando?”. Será que ao ver uma pessoa numa cadeira de rodas, que não mexe do pescoço para baixo, e se decide não vacinar porque ela não tem o benefício, não estamos deixando de olhar o ser humano?”, questionou Monica.

O que dizem as autoridades

Em nota, a prefeitura de Santos deu seu posicionamento: “A prefeitura de Santos esclarece que oferece a vacina contra a Covid-19 apenas para as pessoas com deficiência que recebem o BPC, de acordo com a determinação do governo do estado de São Paulo a todos os municípios, conforme previsto no Documento Técnico de Vacinação contra a covid-19”.

Também via nota, o Ministério da Saúde disse: “O Plano Nacional de Operacionalização da Vacina contra a Covid-19 (PNO) elaborado pelo Ministério da Saúde estabelece uma ordem de vacinação para os grupos prioritários. A seleção das populações com prioridade na imunização foi baseada em princípios da Organização Mundial da Saúde (OMS), discussões com especialistas no âmbito da Câmara Técnica Assessora em Imunização e Doenças Transmissíveis e feita em acordo com entidades como o Conselho Nacional de Secretários de Saúde (Conass) e o Conselho Nacional de Secretarias Municipais de Saúde (Conasems).

O Ministério da Saúde esclarece a importância de estados e municípios seguirem a ordem de vacinação recomendada pela pasta. É importante ressaltar que o PNO está em constante atualização e que os gestores locais do SUS têm autonomia para definir a estratégia local de vacinação, conforme o avanço da campanha”.

Manifestação do governo do estado de São Paulo: “O Programa Estadual de Imunização (PEI) está imunizando neste momento contra Covid-19 todas as pessoas com deficiência que recebem benefício de prestação continuada (BPC) acima de 40 anos em todo o estado.

São Paulo tem o compromisso de vacinar o maior número possível de pessoas contra Covid-19, no entanto para isso depende do envio de mais doses por parte do Ministério da Saúde. A medidas que mais vacinas forem encaminhadas pelo Programa Nacional de Imunização do órgão federal, mais públicos serão incluídos na campanha, incluindo as pessoas com deficiência que não recebem BPC”.