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Por Revista Fórum

Estudo publicado no New England Journal of Medicine, divulgado nesta quinta-feira (25), revela que o coronavírus invade, além dos pulmões, o cérebro de pessoas que foram infectadas, causando danos neurológicos, principalmente confusão e delírio.

“Estamos acostumados a ter alguns pacientes assim na UTI, que necessitam de sedação, mas isso foi completamente anormal. Foi muito assustador, especialmente porque muitos eram bem jovens, com 30 a 40 anos ou até mesmo com 18 anos de idade”, disse a neurologista Julie Helms, sobre a agitação dos pacientes contaminados com Covid-19 na unidade de terapia intensiva (UTI) no Hospital Universitário de Estrasburgo, no nordeste da França, no início de março de 2020.

Os pesquisadores relataram sinais de encefalopatia, o termo mais comum para danos ao cérebro, que variavam de simples dificuldades cognitivas a confusão mental.

As estimativas da prevalência exata variam, mas aproximadamente 50% dos pacientes infectados pelo Sars-CoV-2, o vírus responsável pela Covid-19, tiveram problemas neurológicos.

Para complicar ainda mais, muitas pessoas com sinais do Sars-CoV-2 nunca são realmente testadas para o vírus, especialmente se não têm tosse ou febre. Isso significa que, se elas tiverem sintomas neurológicos, talvez nunca saibam se isso está relacionado à Covid-19.

“Estamos diante de uma pandemia secundária de doenças neurológicas”, afirma Robert Stevens, professor de anestesiologia e medicina intensiva na Faculdade de Medicina Johns Hopkins, nos Estados Unidos.

A maioria dos pesquisadores acredita que o efeito neurológico do vírus é um resultado indireto da falta de oxigênio no cérebro (a hipóxia silenciosa exibida por muitos pacientes) ou o subproduto da resposta inflamatória do corpo (a famosa “tempestade de citocinas”).

Além das descobertas recentes, o vírus, que causa majoritariamente uma doença respiratória, também pode afetar rins, fígado, coração e praticamente todos os sistemas do organismo.