Foto: Prefeitura de Caxias do Sul

Com aumento de 66% em uma semana, chegou a 319 nesta sexta-feira (17) a quantidade de casos confirmados de covid-19 em Santos. Com isso, a Cidade passa a ter 73,6 infectados para cada 100 mil habitantes, mantendo um índice acima dos registrados no País (15,9), na Baixada Santista (27,8) e no Estado de São Paulo (31,1) – próximo da capital paulista (83,1).

Chamado de coeficiente de incidência, o cálculo que vincula os casos contabilizados ao tamanho da população é um dos instrumentos utilizados por especialistas para dimensionar o alastramento de doenças contagiosas, como a transmitida pelo novo coronavírus. “Esse é um indicador muito importante porque leva em consideração a questão da proporcionalidade, que usamos muito na medicina”, explica o médico infectologista da Secretaria Municipal de Saúde (SMS), Marcos Caseiro, alertando que os números santistas estão “muito elevados”.

As estatísticas, segundo ele, apontam riscos ao atendimento hospitalar do Município, especialmente no setor público. “O vírus se espalhou primeiramente entre uma população com maior poder aquisitivo, que viajou para fora do Brasil e possui plano de saúde. Agora, vamos entrar em um segundo momento da pandemia, no qual será acometida a camada mais vulnerável da sociedade”.

Idosos
Os 83 mil idosos que vivem em Santos (19,2% dos habitantes) também são motivo de preocupação para Caseiro. “A covid-19 é muito mais mortal entre os indivíduos acima de 60 anos. A partir dos 90, por exemplo, a taxa de letalidade é de 18%”, aponta, lembrando que, principalmente nesses casos, a disponibilidade de um leito hospitalar pode fazer a diferença entre a vida e a morte.
“Já não há mais vaga de UTI no hospital Emílio Ribas, em São Paulo. Se a doença se expandir numa velocidade muito grande, não haverá atendimento para todos”, analisa o infectologista, fazendo um apelo para adesão às medidas de quarentena – prorrogadas até 10 de maio pelo governo estadual. “As pessoas têm que entender esse risco e proteger a população mais vulnerável”.

Equipes
Além da pandemia exigir estrutura com leitos e equipamentos para tratamento adequado aos pacientes, Caseiro atenta também para os recursos humanos que terão de ser empregados durante a fase mais aguda de contágios. “Não adianta apenas ter o respirador. É preciso uma equipe para programá-lo. O paciente que fica 24 horas dependendo de um tubo é muito complexo e necessita de muita gente em volta: médicos, enfermeiros e fisioterapeutas, que cuidam da fonte de oxigênio, da dieta e da droga sedativa. É uma pressão muito grande”.

Estatísticas
De acordo com o Ministério da Saúde, que divulga estatísticas referentes a cada um milhão de habitantes, o coeficiente de incidência de covid-19 em Santos é considerado de “emergência”, por estar mais de 50% acima do nacional. O índice de 736,19 da Cidade é 4,6 vezes superior ao calculado no País como um todo (158,73).
Quanto aos óbitos, o número santista proporcional à quantidade de habitantes (50,77) também supera o do Brasil (10,09) e o do Estado (22,49), ficando abaixo do registrado na cidade de São Paulo (61,31).