Foto: Marcello Casal Jr./Agência Brasil

De acordo com a Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor (Peic), o grau de endividamento médio das famílias brasileiras em 2021 foi o maior em 11 anos. O levantamento sobre mais um ano trágico da economia, proporcionado por Jair Bolsonaro (PL) e Paulo Guedes, foi divulgado pela Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC).

Segundo o estudo, divulgado nesta terça-feira (18), 2021 apresentou recorde do total de endividados, registrando uma média de 70,9% das famílias brasileiras. O mês de dezembro atingiu o nível máximo histórico para os meses consecutivos: 76,3% do total de famílias.

A taxa de aumento de famílias com dívidas também foi a maior já registrada, o que revela as pessoas estão recorrendo mais ao crédito para conseguir manter o consumo.

Em comparação a 2020, das cinco regiões do país, somente o Centro-Oeste apresentou queda do índice: 0,3%. O Norte registrou estabilidade e o Sudeste se destacou com aumento de 5,9%, seguido por Sul (+5,5%) e Nordeste (+4,5%). Entretanto, se for considerar o total de endividados, o Sul teve o maior percentual, com quase 82%.

Na avaliação por faixa de renda, o endividamento médio das famílias brasileiras, que recebem até 10 salários mínimos mensais, aumentou 4,3%, chegando a históricos 72,1% do total.

Na faixa de renda superior, ou seja, acima de 10 salários mínimos, o índice subiu ainda mais: 5,8%, fechando em 66%.

José Roberto Tadros, presidente da CNC, diz que entre as famílias com rendimentos acima de 10 salários mínimos, a demanda represada, principalmente pelo consumo de serviços, fez o endividamento aumentar ainda mais, em especial no cartão de crédito.

“O processo de imunização da população possibilitou a flexibilização da pandemia, refletindo no aumento da circulação de pessoas nas áreas comerciais ao longo do ano, o que respondeu à retomada do consumo, principalmente de serviços”, relata.

Inadimplência tem ligeira queda

Os números de inadimplência, porém, apresentaram ligeira queda. Conforme a pesquisa, o percentual médio de famílias com contas e/ou dívidas em atraso diminuiu 0,3% em relação a 2020, chegando a 25,2%.

Izis Ferreira, economista da CNC responsável pela pesquisa, avalia que “os consumidores seguirão enfrentando os mesmos desafios financeiros da segunda metade de 2021, principalmente inflação, juros elevados e mercado de trabalho formal ainda frágil. Soma-se a isso o vencimento de despesas típicas do primeiro trimestre, que deverá apertar ainda mais os orçamentos domésticos neste período”, projeta.

Veja aqui a íntegra da pesquisa.