Paralisação dos caminhoneiros na Rodovia Presidente Dutra, no Rio de Janeiro, em 2018 - Foto: Tânia Rêgo/Agência Brasil

Não se sabe se dessa vez a coisa vai, mas o movimento dos caminhoneiros fez uma nova ameaça de greve contra o governo Bolsonaro. Na pauta de reivindicações estariam: redução no preço dos combustíveis, implantação efetiva do piso mínimo, liberação de pedágio para veículos sem carga e uma infinidade de outras coisas.

Essa não é a primeira vez que a categoria ameaça parar durante o atual governo. Da última vez, em fevereiro, a paralisação não ocorreu, já que grande parte dos trabalhadores do ramo é assumidamente bolsonarista e desde 2018 abraçou a pauta do então candidato. Para muitos deles, toda e qualquer iniciativa nesse sentido seria “protesto político”, com o intuito de atingir o presidente.

Ainda assim, líderes da categoria afirmam que a perspectiva agora é de uma maior adesão. Pelo menos é o que indicam grupos de WhatsApp, principal ferramenta para mobilizar caminhoneiros no país, uma vez que estes trabalhadores são organizados em dezenas de grupos autônomos espalhados por todos os estados, sem uma representação centralizada, o que dificulta ações em uníssono e com grande nível de adesão.

Plinio Dias, presidente do CNTRC (Conselho Nacional do Transporte Rodoviário de Carga), explicou que setores dos caminhoneiros já entraram em contato com a direção da Petrobras para manifestar queixas sobre o preço do diesel nas bombas e que as conversas até agora só resultaram e decepção.

“Tivemos uma reunião no dia 29 com o presidente da Petrobras, general Silva e Luna, para mostrar nossa preocupação com o preço dos combustíveis… Entregamos uma proposta, mas não houve retorno, nem chamado para outra reunião. O que tivemos desde então foi um novo aumento”, reclamou.

Divergências

Representantes de outras entidades discordam da estimativa que prevê grande adesão à paralisação da próxima segunda-feira (26). É o caso de Junior Almeida, presidente do Sindicato dos Transportadores Autônomos de Cargas de Ourinhos e Região.

“Não há união nem para ajudar um companheiro na estrada, como vão falar em greve?”, ironizou Almeida.

Por outro lado, a maior parte das lideranças da categoria pulverizadas pelo país concorda com um fato, que vem prejudicando muito as decisões tomadas e discutidas pelos caminhoneiros: a infiltração de agentes bolsonaristas nos grupos do setor. Com mensagens que tentam parecer isentas e ponderadas, esses participantes desencorajam as ações planejadas para cobrar o governo, prejudicando a adesão dos trabalhadores à pauta.