Foto: Tânia Rêgo/Agência Brasil

Pesquisa realizada por professores de Economia da Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUC-PR) revela que a inflação dos alimentos da cesta básica disparou em março no Brasil e superou a marca de 20% no acumulado de 12 meses. 

Segundo os pesquisadores, a alta dos preços foi causada por um contexto que envolve clima adverso, encarecimento dos custos de fretes e a guerra entre Rússia e Ucrânia.

De fevereiro para março, a inflação da cesta básica saltou de 2,02% para 5,27%. Dessa maneira, a alta acumulada em 12 meses também teve um salto: de 12,67% para 21,46%. 

A variação mais recente corresponde a quase o dobro do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA). Em 12 meses até março, o índice geral acumulou inflação de 11,30%, a mais intensa desde outubro de 2003 (13,98%).

Os pesquisadores também afirmam que a alta dos alimentos tem relação direta com a disparada dos combustíveis, pois a inflação do óleo diesel eleva os custos com transporte de mercadorias, incluindo a comida.

Inflação explode e bate 1,62% em março, maior índice mensal desde 1994

A alta de 25% no Diesel e 18% na gasolina provocou uma explosão na inflação, que bateu 1,62% em março, maior índice mensal desde 1994, um mês após o lançamento do Plano Real, ainda no governo Itamar Franco.

Segundo dados do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), divulgados no dia 8, pelo IBGE, a inflação acumulada nos três primeiros meses do ano chegou a 3,20%, bem próxima à primeira meta estipulada pelo Banco Central, de 4,7% para todo o ano de 2022.

Nos últimos 12 meses, a alta de preços atingiu 11,30%, acima dos 10,54% observados nos 12 meses imediatamente anteriores.

Oito dos nove grupos de produtos e serviços pesquisados tiveram alta em março. O grande vilão foi justamente o setor de transportes, com a elevação dos preços dos combustíveis, que chegou a 3,02%.

Na sequência, veio o grupo alimentação e bebidas, com alta de 2,42%, impactado diretamente pelo setor de logística, que depende dos combustíveis.

Além deles, houve aceleração também nos grupos Vestuário (1,82%), Habitação (1,15%) e Saúde e cuidados pessoais (0,88%).

Alta dos combustíveis

O resultado do grupo transportes (3,02%) foi influenciado, principalmente, pela alta nos preços dos combustíveis (6,70%), em particular, o da gasolina (6,95%), subitem com maior impacto individual (0,44 p.p.) no índice do mês.

Além disso, houve altas nos preços do gás veicular (5,29%), do etanol (3,02%) e do óleo diesel (13,65%).

A aceleração do grupo transportes também está relacionada à alta nos preços de alguns serviços, como o transporte por aplicativo (7,98%), o seguro voluntário de veículo (3,93%) e o conserto de automóvel (1,47%)

Renda dos brasileiros atinge menor nível em 10 anos

Estudo realizado por pesquisadores da PUC-RS, do Observatório das Metrópoles e da Rede de Observatórios da Dívida Social na América Latina (RedODSAL), a partir de dados da PNAD Contínua trimestral (IBGE), revela que a renda per capta dos brasileiros no último trimestre de 2021 foi de R$ 1.378, a menor em dez anos.

De acordo com o levantamento, a renda domiciliar per capta do trabalho nas regiões metropolitanas caiu pelo segundo trimestre seguido e atingiu R$ 1.378, o nível mais baixo em dez anos.

No primeiro trimestre de 2020, a renda média estava em R$ 1.535. Na máxima da série histórica, chegou em R$ 1.568.

A pesquisa também revela que a desigualdade, medida através do coeficiente de Gini – que varia de 0 até 1, sendo mais alta quanto maior for a desigualdade – ficou em 0,602 na média das metrópoles, mesmo valor registrado no 1º trimestre de 2020, anterior aos efeitos da pandemia.

Com informações da Folha de S. Paulo

Marcelo Hailer
Jornalista (USJ), mestre em Comunicação e Semiótica (PUC-SP) e doutor em Ciências Socais (PUC-SP). Professor convidado do Cogeae/PUC e pesquisador do Núcleo Inanna de Pesquisas sobre Sexualidades, Feminismos, Gêneros e Diferenças (NIP-PUC-SP). É autor do livro “A construção da heternormatividade em personagens gays na televenovela” (Novas Edições Acadêmicas) e um dos autores de “O rosa, o azul e as mil cores do arco-íris: Gêneros, corpos e sexualidades na formação docente” (AnnaBlume).