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Estudo realizado por pesquisadores da PUC-RS, do Observatório das Metrópoles e da Rede de Observatórios da Dívida Social na América Latina (RedODSAL), a partir de dados da PNAD Contínua trimestral (IBGE), revela que a renda per capta dos brasileiros no último trimestre de 2021 foi de R$ 1.378, a menor em dez anos. 

De acordo com o levantamento, a renda domiciliar per capta do trabalho nas regiões metropolitanas caiu pelo segundo trimestre seguido.

No primeiro trimestre de 2020, a renda média estava em R$ 1.535. Na máxima da série histórica, chegou em R$ 1.568.

A pesquisa também conclui que a desigualdade, medida através do coeficiente de Gini – que varia de 0 até 1, sendo mais alta quanto maior for a desigualdade – ficou em 0,602 na média das metrópoles, mesmo valor registrado no 1º trimestre de 2020, anterior aos efeitos da pandemia.

“Estamos chegando a um nível de desigualdade que é similar aquele anterior à pandemia, mas numa sociedade mais empobrecida, com uma renda média bem mais baixa. Está todo mundo mais pobre”, disse ao G1 Andre Salata, pesquisador da PUC-RS e coordenador do estudo.

O estudo também identifica, ao analisar o 4º trimestre de 2021, que, pela primeira vez, a perda de rendimento em relação ao patamar pré-pandemia foi maior para a faixa mais rica da sociedade (o topo da pirâmide) do que na faixa dos mais pobres.

Segundo o estudo, a renda média per capita dos 40% mais pobres, que estava em R$ 195 no final de 2020, subiu para R$ 239 no final de 2021. Por sua vez, a renda média entre os 10% mais ricos caiu de R$ 6.917 para R$ 6.424.

Porém, no início da pandemia os 40% mais pobres perderam quase um terço (32%) da renda proveniente do trabalho, enquanto o rendimento médio dos 10% mais ricos recuou apenas 2,5%. 

No 4º trimestre de 2021, o rendimento médio dos mais pobres se situou 8,9% abaixo do patamar pré-pandemia, enquanto que entre os mais ricos houve uma perda de 12,8% em relação ao valor do 1º trimestre de 2020.

Apesar da queda da renda ser registrada em todos os estratos da sociedade, a pesquisa mostra que os mais pobres foram os mais atingidos desde o início da pandemia e são também os mais afetados pela alta constante dos preços. 

O estudo também ranqueou a queda da renda per capita nas regiões metropolitanas. As mais afetadas foram o Norte e o Nordeste.

Os valores mais baixos foram registrados na Grande São Luís (R$ 739,93), Manaus (R$ 824,94) e Recife (R$ 831,66). Já os valores mais altos ocorreram no Distrito Federal (R$ 2.022,91), Florianópolis (R$ 1.895,68) e São Paulo (R$ 1.679,80). 

Política de valorização do salário mínimo foi abandonada no governo Bolsonaro 

Um dos marcos das gestões federais do PT (2002-16) foi a política de valorização do salário mínimo (SM). De acordo com o sociólogo Clemente Ganz Lúcio, “desde 2002, a política de valorização garantiu um aumento real de mais de 78%. Atualmente o valor do SM é de R$ 1.212,00, dos quais R$ 533,80 correspondem ao aumento real, o que incrementa anualmente mais de 390 bilhões à massa de rendimentos da economia (sem o aumento real de 78,7% o valor do SM seria de R$ 678,00)”.

No entanto, o governo Bolsonaro extinguiu a política de valorização do salário mínimo. Diante de tal cenário, o movimento sindical se reúne nesta quinta-feira (7) na Conferência da Classe Trabalhadora (Conclat), onde será discutida e elaborada uma pauta em torno da construção de novas políticas de valorização do salário-mínimo, da classe trabalhadora e dos desafios ambientais. 

A proposta, a ser organizada pelas centrais sindicais, também vai levar em conta a “necessidade de mudanças profundas no sistema de relações do trabalho, na valorização do trabalho, dos sindicatos e da negociação coletiva, a promoção efetiva de proteção social, trabalhista e previdenciária” à toda classe trabalhadora.

Com informações do G1

Jornalista (USJ), mestre em Comunicação e Semiótica (PUC-SP) e doutor em Ciências Socais (PUC-SP). Professor convidado do Cogeae/PUC e pesquisador do Núcleo Inanna de Pesquisas sobre Sexualidades, Feminismos, Gêneros e Diferenças (NIP-PUC-SP). É autor do livro “A construção da heternormatividade em personagens gays na televenovela” (Novas Edições Acadêmicas) e um dos autores de “O rosa, o azul e as mil cores do arco-íris: Gêneros, corpos e sexualidades na formação docente” (AnnaBlume).