Foto: Thais Magalhãas/CBF

O futebol feminino no Brasil está experimentando um crescimento notável em engajamento de torcedores, interesse da mídia e patrocínios. Recentemente, a Fifa revelou que o número de ligas femininas com patrocinadores principais aumentou de 11% para 77% após 2021, indicando um interesse crescente no esporte. Além disso, competições como a Copa do Mundo e o Brasileirão Feminino estão batendo recordes de torcedores e audiência.

Proibição e desafios

É surpreendente pensar que até 1979, o futebol feminino era proibido no Brasil. O decreto-lei 3.199, artigo 54, promulgado pelo presidente Getúlio Vargas em 1941, proibiu que as mulheres jogassem futebol no país. Essa proibição perdurou por cerca de quatro décadas, impedindo que muitas meninas realizassem seus sonhos de jogar futebol.

No entanto, as mulheres brasileiras não desistiram do esporte e continuaram jogando de forma clandestina durante esse período.

As primeiras equipes

Os registros históricos mostram que o futebol feminino é praticado no Brasil há pelo menos um século, mesmo durante os anos de proibição pelo governo. Após a revogação do decreto-lei, as primeiras equipes de futebol feminino oficialmente reconhecidas surgiram no início da década de 1980.

Um exemplo notável é o Esporte Clube Radar, do Rio de Janeiro, que criou uma das primeiras equipes profissionais de futebol feminino do país em 1983. O Radar dominou o cenário esportivo ao conquistar o hexacampeonato do Campeonato Carioca e da Taça Brasil de Futebol Feminino entre 1983 e 1988.

Nesse mesmo período, o Saad Esporte Clube, em São Caetano do Sul/SP, também formou uma equipe de futebol feminino, conquistando títulos importantes, como o tricampeonato do Troféu Comitê Olímpico Internacional (entre 1993 e 1995) e a Copa do Brasil em 2007.

A partir da década de 1990, clubes de futebol tradicionais masculinos, como Santos e São Paulo, começaram a criar equipes de futebol feminino, marcando uma virada significativa no cenário esportivo brasileiro.

Principais competições

Nos últimos 20 anos, o futebol feminino no Brasil e no mundo passou por uma profissionalização notável. Uma das medidas-chave foi a equalização dos calendários de competições, independentemente do gênero, permitindo que as mulheres disputassem os mesmos campeonatos, o que atraiu mais torcedores e investidores.

Copa do Mundo Feminina: A Fifa começou a organizar a Copa do Mundo Feminina em 1991, seguindo o modelo do torneio masculino. O Brasil conquistou o terceiro lugar em 1999 e o vice-campeonato em 2007, mas os Estados Unidos permanecem como a maior campeã da história, com quatro títulos.

Libertadores Feminina: A Copa Conmebol Libertadores Feminina, disputada desde 2009, cresceu consideravelmente nos últimos anos. Corinthians e São José são os clubes com o maior número de conquistas, sendo campeões 3 vezes cada um.

Brasileirão Feminino: Criado em 2023 pela CBF, o Campeonato Brasileiro Feminino, ganhou destaque com o patrocínio da Neoenergia em 2021. O Corinthians é o maior vencedor do campeonato, com cinco títulos.

Outras Competições: Além das competições mencionadas, a CBF mantém um calendário anual de futebol feminino, incluindo a Supercopa Feminina e os campeonatos estaduais, além de torneios de seleções.

Fomento à equidade de gênero no futebol

Embora o futebol feminino tenha avançado nas últimas décadas, ainda há um grande abismo de igualdade de gênero no esporte. A disparidade salarial é um exemplo evidente, com jogadoras femininas ganhando significativamente menos do que seus colegas masculinos. O investimento e o apoio contínuo são essenciais para superar essas desigualdades e promover a equidade de gênero no futebol.

O futebol feminino no Brasil superou desafios significativos, desde a proibição até as recentes conquistas. O esporte está crescendo em popularidade, com um aumento notável no engajamento dos torcedores, interesse da mídia e investimento. À medida que a modalidade continua a se desenvolver, é crucial que o apoio e os recursos sejam direcionados para a equidade de gênero, garantindo que as jogadoras tenham oportunidades iguais para brilhar nos gramados e inspirar a próxima geração de talentos do futebol feminino brasileiro.