Ricardo Agostinho - Foto; Divulgação

Primeiro candidato a registrar sua chapa para a disputa das eleições a presidente do Santos Futebol Clube, Ricardo Agostinho (Chapa 1) dá o pontapé inicial na série de entrevistas exclusivas que o Folha Santista publicará com os concorrentes ao cargo de administrador do Peixe. Seu vice será Ivan Luduvice.

Publicitário de formação, Ricardo Agostinho trilhou carreira como empresário. Em 1995, abriu a empresa Pharmacia e Cia. Ele se associou ao Santos em 1992, deixou o clube e retornou no começo dos anos 2000. Em 2014, foi premiado pelo próprio Peixe por ser o torcedor mais presente ao estádio. Em 2017, foi eleito Embaixador do Santos em São Paulo.

Na eleição passada, ficou em terceiro lugar, com 1.070 votos. Em sua segunda tentativa, Agostinho busca vencer. Como norte de sua gestão, defende a criação de uma Sociedade Anônima de Futebol (SAF) para o clube e critica a inércia da gestão de Andrés Rueda em dar o início à construção da “Nova Vila Belmiro”. As tratativas do projeto tiveram início na gestão de José Carlos Peres (2018 a 2020), houve avanço na atual administração, mas o projeto ainda não saiu do papel.

Folha Santista: Andrés Rueda foi eleito com a promessa de trazer equilíbrio financeiro e esportivo para o Santos. No entanto, em sua gestão, o clube viveu sucessivos fracassos na questão esportiva e sempre se viu limitado pela falta de orçamento para contratar novos atletas. O que você pretende fazer para manter o equilíbrio entre o futebol e as finanças?

Ricardo Agostinho: O problema do Santos não foi a falta de investimento. Aliás, pelo contrário, o Santos foi o terceiro clube que mais investiu em contratações nos últimos 12 meses. Investiu mais que todas as SAFs. O problema é que compramos “gato por lebre”. Dezenas de contratações sem critérios por um departamento de futebol acéfalo. Quantos executivos de futebol, treinadores e auxiliares tivemos na gestão Rueda? Quase uma centena! Um absurdo. Inclusive, eu, quando assumir, ainda terei de pagar acordos de treinadores demitidos como Odair (Hellmann), (Diego) Aguirre e (Paulo) Turra. Tem cabimento? Por isso, na minha gestão, teremos um departamento de futebol organizado e que conheça as necessidade e, sobretudo, o tamanho do Santos. Só assim voltaremos a competir por títulos.

FS: Clubes de expressão do nosso país, como Cruzeiro (MG), Botafogo (RJ) e Vasco (RJ), se tornaram Sociedade Anônima de Futebol (SAF) recentemente. O que você pensa deste modelo de gestão para o Santos?

Agostinho: Eu sou a favor e fui o único com a coragem de defender isso abertamente. Contratamos a Bridge Sports Capital para implementar o projeto Santos World Football, que quebrará todos os paradigmas do futebol brasileiro. A Santos World Football, se destaca entre outras SAFs por duas razões distintas: Primeiramente, devido a cláusulas contratuais, o investidor está obrigado a respeitar que o Santos não se torne um mero satélite de outro clube. Em segundo lugar, a marca tem o potencial de ser franqueada a outros investidores em diversos países. Isso abre portas para expansão internacional, enquanto mantemos nossa identidade e independência intactas. Já contamos com investidores interessados no nosso projeto, que, inicialmente, fortalecerá o Santos Futebol Clube, erguendo um time forte, competitivo e vitorioso. Na segunda fase, aproveitaremos a grandiosidade da marca Santos para criar clubes satélites em locais como África, Caribe, Estados Unidos, Ásia e Portugal, com o objetivo de identificar e desenvolver jovens talentos. Podemos considerar este projeto audacioso? Sem dúvida. No entanto, compreendo que precisa ser executado com critério e cuidado. Mas é precisamente essa visão que imagino para o Santos e sua apaixonada e gigantesca torcida. Juntos, podemos realizar algo verdadeiramente grandioso e transformador. A Bridge Sports Capital já está empenhada na concretização da Santos World Football. No desenvolvimento desse projeto, contamos com a dedicação de Fernando Ferreira, CEO da empresa, bem como a colaboração de Marcos de Campos Pinto, que desempenhou um papel fundamental como executivo de esportes na Rede Globo ao longo de duas décadas. Esses profissionais compartilham uma crença sólida na viabilidade e no potencial da Santos World Football, e estão comprometidos em contribuir para seu sucesso. Nossa equipe está empenhada em explorar todas as possibilidades e oportunidades para consolidar esse empreendimento de maneira bem-sucedida e promissora.

FS: Qual a sua opinião sobre o projeto de construção de uma nova Vila Belmiro, feito pela gestão de Andrés Rueda e em acordo com a empresa WTorre?

Agostinho: Primeiramente, o acordo foi firmado pelo ex-presidente José Carlos Peres. Segundo, Rueda só retardou a construção do estádio. Fosse qualquer outro presidente as obras já estariam a todo vapor. Além do mais, pouco se sabe sobre os termos do contrato com a WTorre. Porém, de todo modo, vou por em prática o projeto, afinal, 98% dos sócios foram a favor. E já passou da hora de termos uma arena. Com ela em obras, vou levar o Santos para jogar no Pacaembu regularmente e no Morumbi para jogos maiores.

FS: Em dias de jogo na Vila Belmiro, não raro vemos cambistas vendendo ingressos em frente ao estádio ou em ruas próximas. No seu plano para a presidência, você tem algum projeto para eliminar a pirataria de ingressos?

Agostinho: Durante os jogos na Vila Belmiro ou no Canindé, é notável a diversidade de camisas, bonés, chapéus e bandeiras disponíveis a preços acessíveis. No entanto, o Santos não tem se beneficiado dessa atividade, ao contrário dos ambulantes informais, que lucraram com essa demanda. Isso ocorre porque o clube se afastou da realidade dos torcedores. Enquanto alguns estão dispostos a pagar o valor integral por uma camisa oficial, há outros que só podem investir uma quantia menor, por volta de R$ 30. Atualmente, o mercado informal aproveita a inércia do clube para monopolizar o segmento de consumo das classes C, D e E. A questão central é: como podemos abordar essa problemática? Primeiramente, é essencial fazer valer a LEI GERAL DA VILA BELMIRO, uma iniciativa da qual sou autor, em colaboração com o suplente a vereador Ademir Quintino. Esta lei concede ao Santos a exclusividade para comercializar produtos com ambulantes em um raio de 5 km da Vila Belmiro nos dias de jogos. Além disso, podemos seguir o exemplo do Fortaleza, que lançou uma linha de produtos populares, concorrendo diretamente com os produtos falsificados em termos de preço. A estratégia é cadastrar os mesmos ambulantes, que antes vendiam produtos piratas, agora para vender os produtos oficiais do Santos. Ao adotar essa legislação e promover essa nova abordagem de vendas, o Santos terá a capacidade de restringir a comercialização de produtos piratas em dias de jogos, ao mesmo tempo em que gera uma nova fonte de receita. Além disso, o cadastro desses ambulantes com os novos produtos populares permitirá ao clube ampliar sua presença em outros cenários e momentos, como nas praias da baixada e até mesmo durante jogos como visitante, atendendo sua torcida onde quer que ela esteja. É uma estratégia inovadora e inclusiva para atender aos diversos perfis de torcedores e promover uma maior aproximação entre o clube e sua base fiel.