Gilson de Melo Barros - Fotos: Divulgação

“Bastidores” é um livro com depoimentos, textos e pesquisa iconográfica, que marcam a trajetória de 50 anos do Grupo Teatro Experimental de Pesquisas (TEP), um dos mais antigos do Brasil. A ideia é revelar não só o aspecto teatral, mas os acontecimentos na vida das pessoas que, ao longo de meio século, passaram pelo grupo.

A obra é um depositário precioso de referências do mundo teatral, da vida da cidade, de espetáculos combativos, de peças censuradas, do tempo passado, de uma militância ferrenha e dos acontecimentos como casamentos, nascimentos e despedidas entre os membros do grupo.

O ator, diretor, artista plástico e professor Gilson de Melo Barros levou dez anos para organizar o livro e dar voz ao TEP e ao panorama social e político dessas décadas, bem representadas nas montagens.

“Tento, através dos relatos que se seguem, reconstruir o imaterial desta sua história, a proximidade das distâncias de pessoas que o frequentaram – através dos seus altares – e foram se perfilando, em círculos de convivência, a uma Mandala que ainda hoje teimo, vigorosamente, em frequentar”, diz.

Gilson assumiu a direção e coordenação do grupo no final da década de 80. Por tudo isso, sabe bem o que esse trabalho representa.

“Pensei que eu tinha um patrimônio interno desses anos e que eu deveria tornar público. É uma história de resistência cultural de um grupo de passagem, mas com um trabalho permanente. Nunca paramos durante todo esse tempo”, relembra Gilson.

Resistência

O TEP surgiu em 1969, durante a ditadura militar, por uma iniciativa de jovens aspirantes ao teatro, vindos do movimento estudantil que se estabelecia à época, com destaque para o Colégio Canadá.

O grupo montou inúmeros espetáculos, entre eles: “A Revolução dos Bichos” (George Orwell), “A Casa de Bernarda Alba” (Federico Garcia Lorca), “As troianas” (Eurípedes/Jean Paul Sartre) e “O Grand Vizir” (René de Obaldia), que valeu os prêmios internacionais de melhor espetáculo e melhor atriz, para Nanci Alonso, no V Festival Cervantino de Teatro, em Guanajuato, México, em 1978.

Parte dessa história também estará nos vídeos de peças e do curta-metragem “Cinquenta”, que serão exibidos na noite de lançamento, que será no dia 11 de novembro, das 18h30 às 22 horas, no foyer do Teatro Municipal Brás Cubas, em Santos.