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Faleceu na manhã deste domingo (20), aos 87 anos, a atriz Nicette Bruno, que estava internada desde o dia 26 de novembro com Covid-19. Nas redes, várias artistas do teatro, da televisão e do cinema prestaram homenagem àquela que é considerada uma das principais atrizes do Brasil.

Cabe destacar o pioneirismo de Nicette Bruno que, por ser mulher, rompeu com várias barreiras conservadoras e moralistas que existiam em torno das mulheres que optavam pela carreira de atriz na primeira metade do Século XX.

Nicette Bruno fez a sua estreia profissional no teatro em 1945, quando participou de uma montagem do clássico de Shakespeare, Romeu e Julieta.
Foi também nos palcos que Nicette Bruno conheceu o seu companheiro, o ator Paulo Goulart, com quem passaria o resto de sua vida. Goulart faleceu em 2004, vítima de um câncer.

Com Paulo Goulart, Nicette Bruno fundou, em 1953, o Teatro de Alumínio, na Praça das Bandeiras, que deu espaço ao projeto Teatro Íntimo Nicette Bruno (TINB). Ainda na década de 1950, Bruno ganhou destaque nacional ao atuar na premiada peça Pedro Mico, de Antônio Callado.

A ida para televisão

Sua estreia na TV se deu no fim da década de 1960, quando foi trabalhar na TV Continental e viveu a personagem-título do seriado Dona Jandira, que era transmitido ao vivo. A sua primeira novela foi em 1967, em Os Fantoches, de Ivani ribeiro.

Com a sua ida para a Rede Globo, Nicette Bruno atuou em novelas que até hoje são referências à teledramaturgia brasileira: “Sétimo Sentido” (1982), “Selva de Pedra” (1986), “Bebê a bordo” (1988), “Rainha da Sucata” (1990) e “Mulheres de Areia” (1993).

Com Paulo Goulart, teve três filhos, que também seguiram na carreira de atuação: Beth Goulart, Bárbara Bruno e Paulo Goulart Filho.

Contra a homofobia e em defesa das LGBT

Com a sua morte, várias posições da atriz, que era considerada progressista, ganharam as redes.

Entre elas, destaque para uma participação no programa Encontro Fátima Bernardes, em 2017.

Na ocasião, foi apresentado uma reportagem onde a mãe de um jovem LGBT só o aceitaria de volta para a casa, se ele “virasse hétero”. A matéria concluía com a reconciliação entre mãe e filho.

Inconformada com a reportagem, Nicette Bruno disse que era preciso respeitar as diferenças. “É curioso que se fique pensando nesse caso da homossexualidade como se fosse uma coisa estranha, como se fosse um defeito, não é!”, disse Nicette Bruno à época.

Homenagens nas redes

Colegas de trabalho de Nicette Bruno prestaram, ao longo dia, homenagens à atriz, abaixo, destacamos um vídeo de sua filha, Beth Goulart e de outros artistas que trabalharam com Bruno.

Jornalista (USJ), mestre em Comunicação e Semiótica (PUC-SP) e doutor em Ciências Socais (PUC-SP). Professor convidado do Cogeae/PUC e pesquisador do Núcleo Inanna de Pesquisas sobre Sexualidades, Feminismos, Gêneros e Diferenças (NIP-PUC-SP). É autor do livro “A construção da heternormatividade em personagens gays na televenovela” (Novas Edições Acadêmicas) e um dos autores de “O rosa, o azul e as mil cores do arco-íris: Gêneros, corpos e sexualidades na formação docente” (AnnaBlume).