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Único cinema de rua da Baixada Santista, com 87 anos, o Roxy, em Santos, um dos mais antigos do Brasil, recebeu ordem de despejo. Agora, corre sério risco de encerrar suas atividades.

Além disso, o empresário Toninho Campos, proprietário do Cine Roxy, diz que já entregou duas das quatro salas que ocupa no shopping Pátio Iporanga. “Devo entregar as outras duas em breve. É quase 100% certo que isso aconteça”.

“É muito arriscado manter essas salas no shopping, ainda mais com filmes de arte, filmes adultos. Eles estão perdendo atrativos de cinema. São Paulo, Los Angeles e Nova Iorque são alguns dos poucos lugares que conseguem manter essa programação”, diz Campos.

Após ficar sete meses fechado, por conta da pandemia do coronavírus, e reaberto no início de outubro, mas sem a forte presença do público de tempos anteriores, o cinema se viu sem condições de arcar com aluguel e recebeu a liminar de despejo.

“Um amigo perguntou esses dias desde quando estou no Cine Roxy. Respondi que desde que nasci. Minha vida está aqui. Sou grato a Santos por tudo e tenho tentado devolver esse carinho aos santistas ao longo dessas décadas. Com a pandemia chegamos num momento extremamente difícil e estamos procurando saídas. Já fizemos empréstimos, usamos a pequena ajuda do governo, mas não sabemos mais para onde ir”, explica o empresário.

“Não tivemos entrada financeira durante sete meses e, mesmo após a reabertura, foi muito pouco. Mantivemos nossos colaboradores. São dezenas de pessoas que dependem do Roxy. Vi meu avô e meu pai viverem e morrerem nesse cinema e achei que comigo seria assim também. E ainda espero que seja”, ressalta.

O prédio

Campos havia negociado o principal imóvel do Roxy, em 2008, para outro empresário, que alugou o espaço para ele. “Investi muito nesse cinema. Há seis anos modernizamos todos os nossos equipamentos”.

Na próxima semana, Campos e o proprietário do imóvel terão uma audiência de conciliação. “Não tivemos nenhum desconto no aluguel do espaço. Só que sem abrir fica difícil pagar as contas. Queremos um acordo, não queremos ser punidos pela pandemia”, acrescenta.