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Feliz de quem é livre e se permite promover mudanças, rever conceitos e se adaptar às novas circunstâncias impostas pelo inesperado, um exercício atual, constante e tão necessário quanto respirar.

A justificativa que talvez explique o medo ou a dificuldade que muitos têm em mudar de opinião é a ignorância em saber o quanto é bom e faz bem, algum interesse pessoal que impeça essa mudança ou o fato de elas estarem presas às amarras e cicatrizes adquiridas e experimentadas no decorrer da vida.

Todo ponto de vista surge dotado da bagagem que induz a esse olhar e precisa ser analisado junto com o seu contexto. Mediar os interesses e as intenções de cada manifestação é algo complexo que exige inteligência, maturidade, muita paciência e disposição. Ouvir o contraditório, esvaziar o ego e acatar um argumento é virtude de poucos.

Essa dualidade entre a intuição e a lógica é debatida há séculos. As pessoas são diferentes por si só. Cada um de nós possui características e qualidades distintas que precisam ser respeitadas. É fato que podemos observar distinções em toda população do planeta, que hoje se aproxima dos 8 bilhões de habitantes.

Discordar de conceitos e apontar caminhos diferentes para uma mesma solução é uma prática saudável. A mente humana é tão complexa que permite essa pluralidade de opções sem esgotar nenhuma tese. Acreditar que qualquer teoria seja unanime é no mínimo idiotice.

Fora isso tudo, a diversidade cultural imposta pela distância continental das civilizações já difere os indivíduos por questões óbvias ligadas à própria natureza geográfica. Uma fórmula mágica para atender a todos os anseios e necessidades seria impossível.

Chego até aqui para afirmar que é humanamente impossível exigir ou ter a pretensão de querer que alguém pense exatamente como você, em todos os assuntos e situações. Porém, ao que me parece, tem gente que acha possível, ou seja, acredita mesmo que a verdade absoluta é uma dádiva, um privilégio ou um direito adquirido sabe-se lá em nome de quem.

Até aqui nenhuma novidade. O que me incomoda, de fato, é sentir, ainda hoje, em pleno século XXI, a estranha sensação de que a humanidade parece que regrediu em alguns aspectos. Tenho visto atitudes e pensamentos que me induzem a duvidar da evolução da nossa espécie.

Sei que é utópico ou até inocente da minha parte, mas acredito que a grande maioria dos problemas seria resolvida se todos os esforços dos líderes mundiais dos grandes países fossem canalizados, simplesmente, para combater a fome e as necessidades básicas dos povos.

Se fosse possível reiniciar uma nova fase do planeta com igualdade de condições para todos, eu disse todos, se o jogo recomeçasse com as mesmas condições de preparo físico e psicológico, com a quantidade de “cartas” e regras iguais para toda humanidade, palavras inescrupulosas e suspeitas como, por exemplo, “meritocracia” poderia até passar a fazer algum sentido. 

Outras palavras, como “racismo”, “fascismo” ou “nazismo”, passariam a ter um significado tão distante de uma realidade que seriam utilizadas apenas em estórias, tão improváveis quanto o “canibalismo”, que só é dito e visto hoje (por enquanto) em filme de ficção.

Apoiar, aplaudir e propagar alguns absurdos que, infelizmente, têm ocorrido com certa frequência aqui mesmo em nosso país e pelo mundo afora parece estúpido demais pra ser discutido nesse momento, mas lamentavelmente ainda é uma realidade.

Confesso que isso me envergonha pelo simples fato de ser, no ponto de vista científico, da mesma espécie de quem pensa e age com esse ódio visceral e assustador ao semelhante.

Discutir ideologias, simpatizar com determinados conceitos do amplo espectro político é aceitável e inerente a tudo que acabei de refletir acima. Porém, regredir ao ponto de ser conivente com atitudes e posturas extremas, associadas à intolerância e eugenia, ultrapassa todo e qualquer limite do aceitável.

Pra finalizar, acredito que durante essas manifestações surjam novas lideranças. Penso que o único caminho seguro para que a população apoie ou critique os discursos é adquirindo conhecimento político mais profundo. Alimentar essa guerra imposta pela dicotomia direita x esquerda não contribui em nada e só interessa a quem está no poder. 

Reduzir e simplificar as ideologias políticas a apenas duas correntes é insuficiente e não corresponde à realidade que as nuanças relacionadas a essas duas vertentes podem representar.

Segue um link com uma excelente explicação inicial sobre esse assunto pra quem tiver interesse. https://adrianosilva.blogosfera.uol.com.br/2019/05/21/conservador-progressista-liberal-reacionario-afinal-qual-e-a-sua/?cmpid=copiaecola.

Desejo, de verdade, que todos os gritos sejam ouvidos, que todo protesto seja respeitado e que a paz e o bom senso sempre prevaleçam. Continuo a minha caminhada disposto a ajustar ou mudar o rumo das minhas ideias a qualquer momento. Tomara que, na próxima oportunidade, relate um pensamento mais otimista do que esse de hoje que a realidade me inspirou. Sim, é possível!