O holandês Merlijn Poolman - Foto: Reprodução/YouTube

Foi com um misto de surpresa e satisfação que vi a enorme repercussão do primeiro artigo que escrevi para o Folha Santista, baseado em uma comparação entre políticas públicas para casas com música ao vivo daqui e da Inglaterra: centenas de compartilhamentos, gerando incontáveis reclamações em redes sociais sobre a atual situação da noite da Baixada e, principalmente, acendendo debates, discussões e inspirando outros artigos sobre o tema.

A tempestade, o Corona, a queda da Bolsa e outros assuntos mais urgentes e de âmbito bem mais amplo parecem ter arrefecido o bafafá. Tentando manter a chama acesa (pois é um assunto caro, não só a músicxs como eu, como a várias outras pessoas, profissionais ou simples curtidorxs da noite), ouso retomar o tema, antropofagicamente me inspirando em um dos artigos dos quais o meu foi fonte de inspiração: o do amigo Michel Pereira, grande músico e empresário da noite santista.

Apesar de discordar de uma possível comparação entre a dinâmica da vida noturna daqui e a da Inglaterra (a qual, em meu artigo pelo menos, não foi feita) Michel admite que “o braço de ferro diversão x descanso nunca deixou de existir em nenhum lugar do mundo”.

Ao ler isso, foi inevitável lembrar de uma roda de conversa que assisti na mais recente Semana Internacional da Música de São Paulo, na qual um dos participantes foi o divertido Merlijn Poolman, que se apresentou como o “Prefeito Noturno” da cidade holandesa de Groning.

Ele explicou, por alto, o que é esse “cargo”, criado pelo também holandês Mirik Milan, em 2012. Milan, assim como Groning e todos os demais “Night Mayors”, são pessoas que têm experiência na vida noturna, como empresários, DJs, bartenders  etc, mas que também têm conhecimento de assuntos relacionados à “cultura da noite” no poder público, ou até que trabalham direta ou indiretamente para o poder público.

A tendência tem se espalhado pelo hemisfério norte e já chegou a cerca de 30 cidades. “Prefeitos Noturnos” têm sido responsáveis por fazer o meio-de-campo entre a cena noturna e as administrações municipais, apontando prováveis soluções para problemas, que vão da falta de estacionamento até auxílio em assuntos de regulamentação, passando por, logicamente, problemas com volumes sonoros.

Na visão de Milan (e disso ninguém pode discordar), o volume da economia gerada pela vida noturna deve merecer toda atenção dos dirigentes das cidades e seus desafios têm que ser resolvidos.

O cargo de “Night Mayor” é informal, mas sua existência tem sido fundamental para que a linguagem falada pelo povo “da noite” seja compreendida pelos que fazem e excutam as leis e vice-versa.

Se hipoteticamente pudéssemos ter um “cargo” desses em Santos, em quem você votaria? Eu já tenho meu candidato. Por sinal, citado neste artigo.