Tanah Corrêa - Foto: Fernanda Maciel/Reprodução/TV Tribuna

O ator e diretor teatral Athazanildo Corrêa Neto, conhecido como Tanah Corrêa, de 80 anos, é o representante do partido Cidadania, sem coligação, na eleição para prefeito de Santos. Ele inaugura a série de entrevistas com os 16 candidatos ao Executivo.

Natural de Santos, ele tem uma longa e rica trajetória no teatro e foi responsável por criar e comandar a Secretaria Municipal de Cultura, de 1984 a 1988, durante o governo de Oswaldo Justo.

“De que adianta termos o maior jardim de praia do mundo e, por outro lado, a maior favela em palafitas da América Latina?”, questiona Tanah. “Quero ser prefeito para assumir essa realidade e trabalhar para mudá-la”, acrescenta o candidato, que leva o número 23.

A odontóloga Andréa Fiore Maia, também do Cidadania, tem 59 anos e é a candidata a vice na chapa.

Folha Santista: Por que o senhor é candidato a prefeito de Santos?
Tanah Corrêa:
Como pode Santos ter um Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) superior à média nacional e o melhor saneamento do país se falta infraestrutura básica nos morros, cortiços e comunidades, como Caruara e Ilha Diana, onde as crianças não conseguem estudar por conta de sinal fraco de internet? De que adianta termos o maior jardim de praia do mundo e, por outro lado, a maior favela em palafitas da América Latina? Quero ser prefeito para assumir essa realidade e trabalhar para mudá-la. É preciso acabar com a miopia estética. O olhar tem que ser humano. Governar de baixo para cima. Quero Santos para todos e não só para quem mora no lado praia.

Folha Santista: Quais são os principais eixos do seu plano de governo?
Tanah:
Os principais eixos do governo Via Humanitária serão Social, Educação, Cultura, Moradia e Saúde. Promoveremos ações urgentes para melhorar a qualidade da vida dos santistas; transporte público eficiente e saúde preventiva. Aperfeiçoaremos os albergues e centros de reabilitação humana. Combateremos a exploração infanto-juvenil com equipes de rua. Repaginaremos os centros para pessoas em situação de rua; acolheremos o trabalhador da reciclagem inserindo-os em projetos sociais e incentivaremos as cooperativas. Ruas de lazer em todos os bairros. Centros humanitários nas comunidades servirão para desenvolvermos projetos e resolvermos problemas pontuais. Escolas municipais serão centros de convivência social e cidadania, abertas nos finais de semana para apresentações culturais, cursos rápidos profissionalizantes, promoção de saúde e eventos esportivos para toda a família.

Folha Santista: A cidade vem perdendo empregos no Porto de Santos. O que o senhor pretende fazer para que isso se reverta?
Tanah:
Primeiro, sentar com o sindicato dos trabalhadores e com os representantes das empresas portuárias para obtermos um diagnóstico real da situação. É preciso qualificar a mão de obra santista para que as empresas contratem gente da cidade. Vou promover incentivos para a empresa que contratar santistas e trazer empresas que tenham o trabalhador como eixo principal.     

Folha Santista: Qual sua posição acerca da instalação da usina de incineração de lixo em Santos?
Tanah:
Sou completamente contra. Não se pode instalar nada que gera poluição. Todos os grandes projetos terão que ser amplamente discutidos com a sociedade para, depois, ir para a Câmara. O santista precisa concordar para que a Administração abrace o projeto. Tudo que será realizado na cidade tem que ser ecologicamente correto, economicamente viável e gerar emprego.     

Folha Santista: O senhor tem alguma proposta para a revitalização do Centro? O que pretende fazer nesta região da cidade?
Tanah:
Vamos fazer mutirão para melhorar a situação dos cortiços e amparar as famílias. Vamos criar centros de alimentação a preços acessíveis em parceria com feirantes e mercados. Vamos realizar um projeto de moradias populares nos prédios antigos do Centro. Uso duplo: moradia e comércio, proporcionando menos gastos com alimentação, transporte e gerando movimento à noite, melhorando a segurança.

Folha Santista: Quais propostas tem para a área de cultura e turismo da cidade?
Tanah:
Artistas cadastrados na pasta receberão um auxílio financeiro emergencial para poder desenvolver sua arte com dignidade; reativar espaços culturais em toda cidade (principalmente Morros e Zona Noroeste); promover o cinema de rua e criar o primeiro drive-in municipal; incentivar espetáculos que contem a história dos verdadeiros heróis nacionais; ampliar as feiras para os artesãos santistas; criar um roteiro cultural e turístico que valorize e divulgue a produção cultural existente na cidade; estimular como contrapartida de festivais subsidiados pela prefeitura a realização de uma ação formativa e/ou apresentação artística nas regiões dos Morros, Zona Noroeste e Área Continental, como também de realização de rodas de partilha do segmento em sua programação e mais outras iniciativas.

Folha Santista: O que pretende fazer para melhorar o atendimento na área de saúde, especialmente nas especialidades?
Tanah:
Temos muitas propostas para melhorar o atendimento da população. Mas, resumidamente, a área da saúde precisa ser revista urgentemente. A cidade concentra o maior número de hospitais e equipamentos públicos e particulares da região e, no entanto, o santista sofre com uma assistência insuficiente. Por isso, a Via Humanista vai rever os contratos com as organizações sociais e, aos poucos, colocar funcionários públicos concursados. Também vai manter negociações com estado e governo federal para manter as UTIs usadas no combate ao coronavírus.

Folha Santista: Como avalia as duas gestões de Paulo Alexandre Barbosa?
Tanah:
Gestões míopes. Governou para uma parte somente da cidade. Zeladoria é preciso, obras desnecessárias e eleitoreiras, não. Não quero mais ver o munícipe mudando de cidade porque a vida aqui não se sustenta por conta do aluguel mais caro da Baixada Santista. O Veículo Leve sobre Trilhos (VLT) não pode ser a linha divisora de duas realidades e seu traçado deveria ligar São Vicente a Santos pela Avenida Nossa Senhora de Fátima. Nesse sentido, farei o que deveria ser feito nos últimos anos. Além do que já revelei, mais transporte seguro e barato para o trabalhador e trabalhadora santista. Por isso, o Via Humanitária vai renegociar o contrato para baixar tarifas mantendo o número de ônibus; providenciar gratuidade aos domingos para moradores de comunidades; transporte menor e mais rápido em bairros afastados; mudar o traçado do VLT que será: São Vicente/Santos pela Avenida Nossa Senhora de Fátima e desenvolver estudo de Integração do transporte rodoviário com o aquaviário.