“Tropa do Tarcísio”: Derrite, secretário de Segurança de SP, tem 241 assessores PMs
Oficial da Rota, licenciado para mandato de deputado federal, tem verdadeiro exército a seu dispor. Sua gestão na SSP matou 56 pessoas em menos de 2 meses na Baixada Santista
O secretário de Segurança Pública de São Paulo, Guilherme Derrite (PL-SP), é um oficial da Polícia Militar (PM) que serviu por muito tempo na Rota, a unidade de elite da corporação, e com um discurso extremista de combate à criminalidade, que naturalmente envolve a “eliminação do inimigo”, se escalou na política e chegou ao mandato de deputado federal nas franjas do bolsonarismo bufo. Com a vitória nas urnas de Tarcísio de Freitas (Republicanos) para ocupar o governo do estado mais rico e populoso do país, ninguém cairia melhor para a função de chefe da SSP do que o policial “linha dura”.
Emulando em São Paulo o que Jair Bolsonaro (PL) fez no Palácio do Planalto, Tarcísio entupiu suas secretarias com militares. No entanto, foi Derrite quem conseguiu uma verdadeira proeza: ele tem ao seu dispor 241 assessores PMs na SSP. Sim, você não leu errado. São 241 homens e mulheres servidores da Polícia Militar lotados em sua pasta para “assessorá-lo”.
Para se ter uma noção do tamanho do absurdo, um levantamento realizado pelo jornal Folha de S.Paulo mostrou que o contingente à disposição de Derrite em seu gabinete é maior que o efetivo da Polícia Militar de 588 cidades paulistas, ou seja, 91,2% dos 645 municípios do estado. Em todo o território paulista, só 57 cidades podem contar com mais PMs do que a “tropa” do secretário-deputado-PM-da-Rota.
Transformação
No final do governo de Rodrigo Garcia (PSDB), vice de João Doria (PSDB), que assumiu a fase final de seu mandato após a renúncia do empresário para tentar lançar candidatura à presidência da República, esses assessores eram 183, que se dividiam entre a segurança pessoal do secretário de Segurança Pública, setores estratégicos da pasta, proteção pessoal a autoridades, como desembargadores e procuradores, e o resguardo de edifícios públicos do setor. Agora, com Derrite, eles estão espalhados por várias funções, até mesmo na área que postagens de vídeos e fotos nas redes sociais.
A Folha informa que, no caso dos oficiais que vão para a “assessoria” de Derrite, o adicional ao salário que recebem como PMs chega a até R$ 7 mil. Para o governo do estado, tal “luxo” de se manter um verdadeiro exército à disposição do chefe da pasta não acarreta prejuízo aos cofres públicos.