A caminho do Cemitério de São Vicente para dar o último adeus ao amigo morto em confronto com policiais militares, José Wilson do Nascimento Alcântara, de 26 anos, não pôde concretizar a homenagem póstuma. Conhecido pelo apelido de Xeque-mate, ele foi preso antes porque pilotava uma Honda Biz 125 prata furtada. O veículo ostentava a placa de outra moto com as mesmas características.
Xeque-mate vestia camiseta branca com a foto do amigo falecido estampada nas costas. Caio Eduardo Viana Santos, o Drone, de 26 anos, morreu na manhã de quarta-feira (24), no Dique do Piçarro. Segundo policiais militares, eles realizavam incursão na comunidade para checar denúncias de tráfico de drogas e Drone, armado de pistola Glock calibre 9 milímetros, os enfrentou a tiros, levando a pior. Mais dois acusados morreram.
A prisão de Xeque-mate aconteceu na manhã de sexta-feira (26), na esquina das ruas Frei Gaspar e Guarani, no Parque São Vicente. Segundo a Polícia Militar, era realizado patrulhamento para monitorar a circulação de criminosos a caminho e no entorno do cemitério onde seriam sepultados três “integrantes do Primeiro Comando da Capital (PCC)” que morreram durante “intervenção policial” no Piçarro.
A camiseta do piloto da Biz, de imediato, chamou a atenção dos PMs, motivando a abordagem. Além da foto de Drone, a peça de roupa estampava uma frase enaltecendo-o: “Por onde você passou fez história e deixou seu legado. Como dizia você, ‘morre (sic) como homem é o prêmio da guerra, guerra que não tem fim’. Missão concluída Drone. Descanse em paz. Caio Eduardo Viana dos Santos”.
Inicialmente, os policiais realizaram a pesquisa da moto pela placa, que não acusou nada de irregular, porém, informou estar o veículo cadastrado em Orlândia (SP). Desconfiados, os PMs também pesquisaram a Biz pela numeração do chassi, apurando que ela possui queixa de furto ocorrido em São Vicente, no último dia 21, sendo Cubatão o município do seu real licenciamento.
Para espantar qualquer dúvida quanto à procedência da moto, foi solicitado por telefone a policiais do 15º BPM/I que se dirigissem à casa da proprietária do veículo com placa original, em Orlândia. Os agentes incumbidos dessa tarefa constataram que a Biz estava estacionada em frente ao imóvel. Desse modo, ficou mais do que evidenciada a condição de “dublê” da motocicleta pilotada por Xeque-mate.
Conduzido ao 2º DP de São Vicente (Náutica), Xeque-mate foi autuado em flagrante pelo delegado Armando Prado Lyra Neto por receptação e adulteração de sinal identificador de veículo automotor. As penas desses crimes somadas variam de quatro a dez anos de reclusão. Neto foi o mesmo delegado que registrou o tiroteio ocorrido na quarta-feira, que resultou na apreensão de três armas e cerca de 3,5 quilos de maconha e crack.
Além de Drone, Carlos Gabriel Lopes dos Santos Pólvora, de 24 anos, e Kaíque Alexandre Augusto da Silva, de 30, também morreram durante a operação da PM no Piçarro. Carlos portava uma pistola, enquanto Kaíque estava armado de revólver, segundo os policiais. Mais homens acompanhavam o trio, mas conseguiram fugir e não foram identificados. Os agentes públicos escaparam ilesos ao confronto.
Com informações do Santa Portal