Thiago era filiado ao Rede Sustentabilidade - Foto: Reprodução

Assassinado durante uma festa no distrito de Vicente de Carvalho, o repórter e pré-candidato a prefeito de Guarujá, Thiago Rodrigues, pode ter sido executado por questões políticas ou empresariais. O autor do crime, possivelmente, sabia que o carro de Thiago era blindado e teria furado o pneu na intenção de atraí-lo para fora da confraternização.

Um inquérito policial sobre o caso foi instaurado pela 3ª Delegacia de Homicídios de Santos. O delegado Fabiano Barbeiro, da Divisão Especializada de Investigações Criminais (Deic), disse que há três ou quatro linhas de investigação sendo estudadas. Além disso, contou que existem fortes indícios de que o crime tenha sido premeditado.

“Ele já tinha um temor em relação a sua integridade física, sua vida, tanto que já havia registrado alguns boletins de ocorrência de ameaça. Nós estamos iniciando uma pesquisa junto ao nosso sistema digital de ocorrências para apurar contra quem ele fez esses boletins; quem teria sido, segundo ele, os autores dessas ameaças”, explicou.

Busca pela motivação

Segundo Barbeiro, testemunhas oculares que estavam na festa, além da família de Thiago, foram ouvidas de forma preliminar. As oitivas formais terão início para ajudar a guiar o início do inquérito. Assim, ele considera fundamental descobrir se o crime tem conotação pessoal, passional, empresarial ou política.

Uma característica importante, levada em conta pela polícia, é que Thiago era conhecido pelas denúncias e críticas que fazia. Com essa informação, os dados do boletim de ocorrência (BO), materiais apreendidos, análise de imagens e a perícia técnica, as equipes iniciaram em uma “corrida contra o tempo” para elucidar o caso.

A mulher vista com Thiago em stories de Instagram feitos por ele horas antes do crime tinha uma relação de proximidade com a vítima, mas ainda não se conhece exatamente o relacionamento dos dois. A investigação vai correr sob sigilo dado à repercussão do caso.

Autor teria furado pneu

A polícia acredita que, provavelmente, o autor sabia que o carro era blindado. Por isso, teria decidido furar o pneu para impedir a vítima de utilizá-lo para transporte e torná-la mais vulnerável. A bicicleta que ele usou para fugir do local ainda não foi encontrada.

“Agora, é trabalho nosso de investigação poder identificar esse rapaz [autor do crime], poder reunir todos esses elementos de prova, inclusive as imagens, tentar encontrar a arma de fogo utilizada, para que a gente possa afirmar de forma oficial a autoria do crime”, disse.

A polícia já tomou conhecimento, e incluiu no inquérito, o vídeo publicado por Thiago sobre “assassinatos políticos” no Guarujá. Uma das tarefas da investigação será apontar se há ou não conexão com os posicionamentos da vítima e a vida dele no empreendedorismo, já que é considerada também a chance de uma concorrência empresarial.

“Cada fato, em si, tem um grau de complexidade, até em razão da função que ele exercia, jornalista […] Usando de sua liberdade de expressão e das redes sociais disponíveis, ele era uma pessoa que tinha suas opiniões e fazia seus comentários mais críticos, ou de uma forma ligada ao Guarujá, até mesmo questões empresariais”, apontou a autoridade.

Possível presença de um amigo

A equipe aguardará a oitiva das testemunhas e uma análise dos projéteis no corpo de Thiago, além das cápsulas encontradas ao redor dele, para tirar mais conclusões. Também estão pendentes os resultados dos laudos necroscópicos, uma melhor análise das imagens e dos dois celulares encontrados com Thiago – um foi achado no bolso dele, outro foi entregue por uma popular.

Barbeiro esclareceu que testemunhas informaram à polícia sobre um suposto amigo de Thiago que teria ido chamá-lo. Esse homem teria sido avisado por um terceiro de que o pneu havia sido furado por alguém. Apesar do que consta no BO, a polícia ainda não localizou ou identificou o amigo em questão.

Com informações do G1