O governador Tarcísio de Freitas - Foto: Reprodução/Redes Sociais

De acordo com informações da Ouvidoria do Estado de São Paulo, a ação da Polícia Militar do Estado de São Paulo deixou ao menos dez pessoas mortas no Guarujá.

A chamada “Operação Escudo” começou nesta sexta-feira (28), mobilizando aproximadamente 600 agentes que cercaram as comunidades da Vila Júlia e Vila Zilda, interligadas por um túnel.

“Operação Escudo”

A “Operação Escudo” iniciou após o agente da Rondas Ostensivas Tobias Aguiar (Rota), Patrick Reis, ser morto enquanto fazia patrulhamento junto com outro colega na Vila Zilda, na noite de quinta-feira (27).

Patrick Bastos Reis foi baleado durante ronda nas comunidades. Segundo informações da Secretaria de Segurança Pública de São Paulo (SSP), ele foi atingido no tórax por um projétil calibre 9 milímetros, disparado a uma distância entre 50 e 70 metros.

O secretário de segurança pública, Guilherme Derrite, confirmou, através de suas redes sociais, a morte de Reis e anunciou a “Operação Escudo”.

“Iniciamos na noite de ontem [quinta-feira] a Operação Escudo, para capturar os criminosos que atiraram contra dois policiais de Rota no Guarujá. Infelizmente, um deles morreu. Não vamos descansar enquanto não acharmos os responsáveis por esse crime”, declarou Derrite.

Suspeito de matar PM é preso 

O homem apontado como suspeito de ter matado o PM foi preso neste domingo (30), em São Paulo. A informação foi divulgada pelo governador Tarcísio de Freitas (Republicanos).

De acordo com informações do G1, o suspeito preso é Erickson David da Silva, também conhecido como “sniper do tráfico”.

Tarcísio de Freitas usou as redes sociais para anunciar a prisão de Erickson. “A justiça será feita. Nenhum ataque aos nossos policiais ficará impune”, declarou o governador.

Terror nas comunidades 

No entanto, moradores das duas comunidades onde ocorre a “Operação Escudo” afirmaram que estão sitiados e que PMs estão espalhando terror.

Ao Brasil de Fato, um morador das comunidades do Guarujá relatou que um garoto foi torturado e morto.

“Eles [policiais da Rota] andam de capuz pelas vielas, estão matando primeiro para perguntar depois. Igual fizeram com um moleque que estava indo no mercado. O moleque gritava ‘pelo amor de Deus’, e bateram no menino, todo mundo ouviu aqui. Mataram o menino e levaram o celular dele. Menino inocente, isso não pode”, revelou o morador.

Oficialmente, o número de mortes até este momento é de dez pessoas. O ouvidor Claudio Aparecido da Silva, em entrevista ao G1, disse que o número pode aumentar e que, segundo relatos colhidos com os moradores das duas comunidades, PMs têm ameaçado matar, pelo menos, 60 pessoas.

A reação desproporcional por parte da PM de São Paulo segue os mesmos moldes de operações realizadas no Rio de Janeiro que, de acordo com levantamento do Instituto Fogo Cruzado e o Grupo de Estudo dos Novos Legalismos (Geni), acumula até maio de 2022, 178 mortes e 39 chacinas.

Marcelo Hailer
Jornalista (USJ), mestre em Comunicação e Semiótica (PUC-SP) e doutor em Ciências Socais (PUC-SP). Professor convidado do Cogeae/PUC e pesquisador do Núcleo Inanna de Pesquisas sobre Sexualidades, Feminismos, Gêneros e Diferenças (NIP-PUC-SP). É autor do livro “A construção da heternormatividade em personagens gays na televenovela” (Novas Edições Acadêmicas) e um dos autores de “O rosa, o azul e as mil cores do arco-íris: Gêneros, corpos e sexualidades na formação docente” (AnnaBlume).