Três alunos são acusados de terem agredido um adolescente de 14 anos, na saída da Escola Municipal Vereador Felipe Avelino Moraes, em Praia Grande. O motivo teria sido o fato de que o garoto expôs o suposto relacionamento entre uma professora e um aluno, ambos da mesma instituição. O jovem segue internado na Casa de Saúde da cidade e seu quadro clínico é estável.
Helena Andria, a mãe do adolescente agredido, conta que a mãe da melhor amiga da vítima encontrou conversas da professora da escola, de 25 anos, com a filha de 14, na qual a educadora falava sobre um possível caso com outro aluno.
Nos prints, a professora detalhou que nutria um relacionamento com o estudante desde maio deste ano, e que havia o beijado, além de assumir que tinha vontade de ter relações sexuais com o mesmo.
“Quem fez a denúncia à diretoria da escola foi a mãe da melhor amiga dele. Não foi ele, ele não tinha a professora em nenhuma rede social. E, no final das contas, ele ainda sofreu essa agressão por acharem que ele estava envolvido na denúncia, sendo que ele não estava”, declarou a empresária.
Desde então, quando os demais estudantes souberam da exposição, os dois alunos começaram a sofrer ameaças. Como forma de se protegerem de qualquer represália, as mães da menina e do aluno agredido fizeram um boletim de ocorrência (BO).
Agressões e acusação de omissão da escola
O primeiro episódio de agressão aconteceu no dia 28 de setembro. Segundo a empresária, mesmo com o BO feito, a gestão da instituição de ensino não se posicionou em nenhum momento contra os alunos que teriam agredido o colega de classe.
De acordo com Helena, horas após a mãe da aluna fazer a denúncia, o filho dela e a amiga dele foram cercados por sete alunos, sendo um deles o adolescente que teria sido beijado pela professora. A dupla conseguiu correr para dentro da escola.
As mães acionaram a Guarda Civil Municipal (GCM) e registraram um BO de ameaça, no 3º Distrito Policial da cidade. Helena disse que os alunos não pararam de intimidar o filho, que deixou de ir e voltar da escola sozinho.
No dia 14, a mãe da colega que dava carona não foi. “Quando ele chegou na esquina de casa, eles [três meninos, sendo um deles o que a professora teria beijado] já estavam esperando por ele. Foi premeditado”, disse ela, descrevendo a cena.
“Estou revoltada, triste e chateada. Isso foi omissão. Acho que chegou a esse ponto por conta de não terem tomado nenhuma providência. Quero que tenha justiça, que façam alguma coisa”, apontou.
As consequências
O adolescente foi jogado no chão e agredido com chutes e socos. O trio só parou de bater quando uma vizinha entrou no meio da confusão. O menino foi levado ao Instituto Médico Legal (IML) com ferimentos na boca.
Três dias depois, o adolescente começou a sentir dores abdominais e foi levado pela mãe ao hospital. De acordo com Helena, foi constatado um hematoma interno causado pelas agressões. Desde sexta-feira (17), ele está internado sem previsão de alta.
“Ele foi agredido por achismo. Estou revoltada, indignada. Esses alunos falaram que ele estava apanhando por conta do ocorrido com a professora e ainda falaram o seguinte: ‘Sorte que a sua mãe vai chorar na porta da delegacia porque o certo é ela chorar na porta do cemitério’. No meu ponto de vista, isso é uma ameaça de morte”, relatou, indignada.
Advogado
O advogado de Helena Andria, Thiago Rodrigues, afirmou que o BO já foi realizado e que a vítima precisou fazer um exame de corpo de delito no Instituto Médico Legal (IML). Agora, a polícia está apurando o caso.
Além disso, Rodrigues acrescentou que, apesar de se tratar de menores de idade, os estudantes que agrediram o colega podem responder e cumprir medidas socioeducativas por atos infracionais.
Em relação à escola, pelo fato de a diretora ter ciência da situação, será aberta uma denúncia junto ao Ministério Público para que essa questão seja investigada, a verificar a gravidade e se houve episódios semelhantes com outros alunos.
“Na primeira vez, a minha cliente foi na escola e fez uma reclamação, a escola não foi adiante, falou que ia averiguar e não fez nada, consequentemente ele foi agredido novamente. Inclusive, quando ela estava do lado de fora chorando, os jovens que o agrediram falaram que ela teve sorte de chorar ali porque na verdade era pra ela chorar no velório do filho. É uma situação estarrecedora”, completou.
Demitida
Sobre a professora envolvida, a prefeitura garantiu que a profissional foi exonerada dos quadros funcionais por má conduta, assim que a Secretária de Educação de Praia Grande (Seduc) soube do ocorrido.
Com informações do G1 e Santa Portal.