Os policiais militares envolvidos na ação alegaram, no registro da ocorrência, que ela teria sido atingida durante uma troca de tiros com suspeitos que fugiam de moto. Porém, os agentes não esclareceram de onde teria partido o tiro fatal. À época, familiares e amigos de Edneia questionaram a versão policial, dizendo que o confronto mencionado pelos PMs nunca aconteceu.
O porta-voz da PM, coronel Emerson Massera, declarou que os policiais que participaram da ocorrência dispararam um único tiro, justamente o que matou Edneia.
“Hoje, temos a notícia do laudo, feito pela Polícia Técnico Científica, que mostra que o disparo que feriu mortalmente a senhora Edneia partiu da arma de um policial militar. Justamente esse disparo durante a perseguição. Era o que faltava para a conclusão do inquérito policial militar. Agora, o PM será relatado e encaminhado à Justiça”, disse Massera, em entrevista coletiva.
O inquérito policial militar, com o laudo técnico, foi encaminhado para o Tribunal de Justiça Militar. A Secretaria de Segurança Pública (SSP) informou que o policial responsável pelo disparo fatal foi afastado e transferido para outro batalhão, também no litoral paulista. Ele permanecerá afastado até o fim da fase processual.
“Estamos classificando essa ocorrência como homicídio culposo. Nós já tínhamos a materialidade do homicídio, e agora nós temos o acréscimo da autoria. Sabemos quem foi o autor responsável. O policial, evidentemente, não queria esse resultado. Aliás, ele vem sofrendo bastante com as consequências dessa ocorrência”, afirmou o porta-voz.
Curiosamente, a morte de Edneia não tinha entrado na lista de óbitos feita pela Secretaria da Segurança Pública na 3ª fase da Operação Verão, na Baixada Santista. Isso porque havia a suspeita de que o tiro tivesse sido efetuado por um criminoso.
Entre 28 de fevereiro e 1º de abril, 66 pessoas morreram em ações policiais na região, além de três PMs.
O que diz a Ouvidoria
A Ouvidoria das Polícias de São Paulo acredita que a morte de Edneia Fernandes Silva foi o fator determinante que fez o governo de Tarcísio suspender a Operação Verão.
Cláudio Aparecido da Silvam, o ouvidor, disse que o episódio deixou nítido que a operação da PM se transformou em “vitimização de pessoas inocentes”.
“Eu avalio que pode ter uma série de razões para o fim da operação. Uma delas, na minha opinião, é a morte da dona Edneia. A morte da dona Edneia deixou muito claro que a operação tem descambado para uma vitimização de pessoas inocentes, e a dona Edineia é o maior símbolo disso”, afirmou, no início de abril.