Imagens das câmeras corporais foram analisadas - Foto: Reprodução

Imagens registradas pelas câmeras corporais, que foram usadas por policiais militares ao longo da Operação Escudo, no Morro do Macaco, no Guarujá, mostram como foi realizada a abordagem que terminou na morte de Rogério de Andrade Jesus, no dia 30 de julho deste ano. Em razão do homicídio, dois policiais militares (PMs) se tornaram réus e devem responder à Justiça. Veja o vídeo:

Créditos: A Tribuna

Após denúncia do Ministério Público de São Paulo (MP-SP), a acusação foi acatada pelo Poder Judiciário, que analisou as imagens, além de depoimentos de testemunhas e dos policiais envolvidos na operação. Após confrontar as informações coletadas, o MP-SP deu prosseguimento à ação.

Operação Escudo deixou 28 pessoas mortas

Ao longo da Operação Escudo, 28 pessoas foram mortas. Na época, Guilherme Derrite, secretário Estadual de Segurança Pública, anunciou que 958 pessoas foram presas, sendo 382 delas foragidas e procuradas da Justiça, além de 70 adolescentes infratores detidos. Ainda conforme o secretário, foram apreendidas 117 armas de fogo e 967 quilos de entorpecentes.

Ação dos PM’s

Nas imagens registradas pelas câmeras dos policiais é possível verificar a atuação de um grupamento no Morro do Macaco, localizado na Vila Zilda, no Guarujá. Eles abordam os moradores, solicitam documentos e seguem monitorando a comunidade no intuito de encontrar suspeitos.

Em um determindo momento os oficiais chegam a um conjunto de imóveis. Entre eles há um estabelecimento comercial onde estão duas pessoas. Os policiais interagem com os homens e eles são questionados sobre o imóvel ao lado, que estava trancado. Os policiais suspeitavam que, nele, haveria um suspeito. Os moradores afirmam não conhecer o homem, mas dizem que dificilmente o veem. Inclusive, não souberam informar o nome do suposto vizinho.

Os policiais cercam o imóvel com a intenção de enxergar as dependências da casa e abordar o indivíduo. Após várias tentativas, um deles consegue abrir a porta e, do lado de fora, aponta um fuzil para dentro da residência e atira, atingindo o peito de Rogério de Andrade Jesus, que não resiste e morre no local.

De acordo com o MP-SP, os PMs Eduardo de Freitas Araújo e Augusto Vinícius Santos de Oliveira foram denunciados pelo crime de homicídio duplamente qualificado. Araújo é apontado como autor do disparo, enquanto Oliveira obstrui a câmera para não registrar o homicídio.

Conforme o Ministério Público, os policiais são acusados de adulterar a cena do crime, implantando uma arma de fogo para ser atribuída à vítima e relacionar a morte a um suposto confronto.

Operação Escudo

No mês de agosto, três homens foram denunciados pela morte do soldado Patrick Bastos Reis, baleado na biqueira da Seringueira, no Morro da Vila Júlia, no Guarujá. Eles ainda respondem por tentativa de homicídio contra outros três agentes e tráfico de drogas. A morte do soldado Reis desencadeou a Operação Escudo na Baixada Santista.

Ao todo, 28 pessoas morreram durante as ações violentas e arbitrárias das forças de segurança do governo de São Paulo na região. Outros 25 Procedimentos Investigatórios Criminais (PICs) foram instaurados para analisar as causas das mortes e seguem em investigação.

Também seguem em tramitação um Procedimento Administrativo de Acompanhamento (PAA) das investigações policiais sobre as mortes durante a força-tarefa e um inquérito civil.