Policiais militares efetuaram 41 tiros de fuzil durante um ação no Morro do Macaco Molhado, no Guarujá, na manhã desta terça-feira (5). De acordo com a PM, equipes de Força Tática do CPI 4 entraram na comunidade para combater o tráfico de drogas pela terceira fase da Operação Verão, que já soma 39 mortes.
Em nota, a PM informou que a região é considerada crítica, com histórico de confrontos entre policiais e traficantes. O caso aconteceu no cruzamento das ruas Minas Gerais e São Pedro, que é uma área, de acordo com a corporação, conhecida como ponto de venda de drogas.
Assim que as equipes chegaram ao cruzamento, segundo a nota, foram recebidas por disparos de dois pontos diferentes. Os tiros eram efetuados de uma viela à direita dos policiais e do topo do morro.
A PM informou que eram muitos os criminosos atirando e, por isso, os policiais se organizaram e responderam com disparos de fuzil, que totalizaram 41 tiros.
O delegado titular da Delegacia Sede de Guarujá, Antônio Sucupira, em entrevista à GloboNews, apontou que os policiais usaram os meios necessários para fazer com que os disparos dos traficantes cessassem. “É o momento [a decisão de atirar] e acreditamos que foi necessário para que os tiros contrários parassem”, disse Sucupira.
Fuga dos traficantes
A ação dos agentes, de acordo com a corporação, motivou a fuga dos traficantes, que deixaram para trás cápsulas de pistola .40, um colete balístico, 11 munições de calibre 12, nove munições de fuzil, três rádios comunidades e dois aparelhos celulares.
Eles também largaram pelo caminho uma máquina portátil de cartão, 21 porções de maconha pronta para a venda, 24 pinos de cocaína, 12 sacos cheios de pinos vazios, 26 pinos de crack, 109 frascos de lança-perfume e R$ 418.
A PM informou que policiais permaneceram no local após o confronto e apreensões. “Outras equipes continuaram saturando a comunidade afim de manter e garantir a paz local”.
Operação Verão
A Operação Verão foi estabelecida na Baixada Santista desde dezembro de 2023. No entanto, com a morte do PM Samuel Wesley Cosmo, em 2 de fevereiro, o estado deflagrou no dia seguinte a 2ª fase da ação com o reforço policial na região. Desde então foram 39 mortes de “suspeitos”.
Em 7 de fevereiro, mais um PM foi morto, o cabo José Silveira dos Santos. Na oportunidade, começou a 3ª fase da operação, que foi marcada pela instalação do gabinete de Segurança Pública em Santos e mais policiais nas cidades do litoral paulista. A equipe da SSP-SP manteve a sede na Baixada Santista por 13 dias.
A Defensoria Pública de São Paulo, a Conectas Direitos Humanos e o Instituto Vladimir Herzog pedem o fim da operação policial na região e a obrigatoriedade do uso de câmeras corporais pelos policiais militares.
A Ouvidoria da Polícia de São Paulo e as entidades de segurança pública e proteção de direitos humanos também denunciaram à Procuradoria-Geral de Justiça do Estado irregularidades nas abordagens de policiais durante a Operação Verão na Baixada Santista.
Além das denúncias, o documento conta com uma série de recomendações aos órgãos públicos para que cessem as violações de direitos humanos praticadas pela polícia.